Pesquisas apontam a estabilização de emissões de metano
2006-11-23
Cientistas alegam que os níveis do metano, segundo mais importante gás do efeito estufa, se estabilizaram, porém a boa notícia não significa que as emissões de metano não se elevarão novamente. Além disso, o dióxido de carbono (CO2) continua sendo o “gorila de 800 quilos” das mudanças climáticas, afirmaram. Os pesquisadores do Laboratório de Sherwood Rowland e Donald Blake na Universidade da Califórnia em Irvine, Estados Unidos (EUA), chegaram a esta conclusão após medições com ar coletado na costa do Oceano Pacífico.
Segundo eles, entre 1978 e 1987, os níveis de metano cresceram 11% (uma média de aumento de cerca de 1% ao ano). Ao longo da década seguinte, as taxas de crescimento reduziram para 0.3 a 0.6% ao ano, e de dezembro de 1998 a dezembro de 2005, caíram para quase zero, indo de 0.3% de aumento para 0.2% de decréscimo. Os resultados serão publicados na Geophysical Research Letters.
“O que estamos vendo agora são esguichos de metano com poucas variações”, afirmou Rowland à revista New Scientist. Seu grupo ligou estes esguichos a eventos esporádicos, como erupções vulcânicas e grandes incêndios, a exemplo dos recentes que aconteceram na Indonésia.
Golpe Violento
A maior parte das emissões de metano são provenientes de plantações de arroz, sistemas de gás natural e óleo, aterros sanitários e rebanhos de gado, que arrotam o gás resultante do processo de fermentação relacionado ao seu sistema digestivo. Apesar da quantidade de metano emitida para a atmosfera ser menor do que a de CO2, o gás é potente. Uma tonelada de metano tem o mesmo efeito que 21 toneladas de dióxido de carbono.
Para facilitar a comparação do efeito destes dois gases sobre o aquecimento global, pesquisadores geralmente convertem as emissões de metano em dióxido de carbono equivalente. O cálculo revela que as emissões de metano representam quase 18% do efeito de aquecimento das emissões de gases do efeito estufa.
A equipe de Rowland especula que os níveis de metano estabilizaram em parte devido a melhorias que têm sido feitas em unidades de estocagem e linhas de gás e óleo, reduzindo os vazamentos. Segundo eles, uma redução nas emissões da mineração do carvão e de plantações de arroz também podem ter contribuído, mas enfatiza que não possuem evidências específicas para isto.
Resultado inesperado
Os resultados são inesperados, “pois não existem muitas coisas no caminho para reduzir as emissões de metano,” diz Rowland, o qual recebeu um Prêmio Nobel de química em 1995 por descobrir que os clorofluorcarbonos (CFCs) em sprays de aerossóis e refrigeradores estavam danificando a camada de ozônio. Ele acredita que se medidas para reduzir o vazamento de metano de linhas de gás e óleo forem colocadas em prática, os níveis atmosféricos de metano podem decair ao longo da próxima década.
“Nós ganharíamos na luta contra o aquecimento global se no futuro o metano não for um contribuinte tão importante como tem sido no último século,” afirma Rowland. Mas os cientistas advertem que devido a razão do nivelamento atual ser desconhecida, não há motivo para acreditar que os níveis de metano continuarão estáveis. O metano atmosférico mais que dobrou desde a Revolução Industrial, indo de 700 partes por bilhão (ppb) para 1770 ppb atualmente.
(Por Fernanda Muller, CarbonoBrasil, com informações do New Scientist, 23/11/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=16267&iTipo=5&idioma=1