VCP amplia atuação na China, principal responsável pelo crescimento da demanda global de celulose
2006-11-23
A Votorantim Celulose e Papel (VCP) abrirá, no começo do próximo ano, um escritório próprio de vendas na China. A VCP quer passar a negociar diretamente com os chineses, principais responsáveis pelo crescimento da demanda global de celulose, informou a consultora da área de Relações com Investidores da empresa, Andrea Kannebley, durante apresentação promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Distrito Federal (Apimec-DF).
Atualmente, representantes comerciais vendem os produtos da VCP na China. Andrea informou que a área de educação apresenta crescimento expressivo naquele país garantindo maior demanda por papel e consequentemente por celulose.
Com o novo escritório a VCP manterá unidades nos três mercados, Europa, Estados Unidos e China, fortalecendo o processo de internacionalização da companhia que tem em andamento investimentos na produção de celulose de mercado que vão mais do que triplicar o total fabricado atualmente, para cerca de 3 milhões até meados de 2012. Nos investimentos estão uma unidade em Três Lagoas (GO), com inicio de operação previsto para janeiro de 2009, e uma fábrica no Sul do País, com início planejado para 2011. As ações colocam a VCP entre as líderes mundiais do produto em um momento em que muitas fábricas estão fechando no exterior por falta de competitividade.
Entretanto, a empresa terá de garantir a colocação dessa produção extra aproveitando as vantagens competitivas do Brasil que desponta como um dos maiores players mundiais em celulose de fibra curta pelo preço competitivo.
De acordo com a consultora, o consumo mundial de celulose cresce a uma taxa de 1,5% ao ano, ou 1,5 milhões de toneladas. No ano passado, a demanda mundial totalizou 48 milhões de toneladas. A China representa 16% do consumo global. A Europa é responsável por 40% da demanda, a América do Norte responde por 18% e a América Latina por 4%. Excluindo a China, a demanda da Ásia corresponde a 22% do total do mundo. Atualmente a China, disse, consome entre 25% e 30% das vendas externas da VCP - entre 250 mil a 300 mil toneladas de celulose por ano.
A decisão de inaugurar o escritório na China faz parte da estratégia da VCP de, até 2020, quadruplicar sua receita. No ano passado, o faturamento da companhia foi de US$ 1,1 bilhão. As exportações são responsáveis por 48% dessa receita. O plano da empresa é se consolidar como um importante player do mercado global de celulose e, no âmbito regional, ocupar a liderança no segmento de papéis que garantam maior valor agregado.
A empresa planeja investir aproximadamente US$ 200 milhões no ano que vem, menos do que os cerca de US$ 280 milhões a serem investidos neste ano.
Logística
Mas a VCP terá de vencer alguns obstáculos para alcançar tais metas. Segundo Andrea, um dos principais desafios da empresa é a logística, pois os gargalos na infra-estrutura do Brasil aumentam os custos de distribuição. Além disso, complementou, a taxa de câmbio prejudica a estratégia da empresa de se tornar eminentemente exportadora. A VCP avalia também como um risco a seus negócios a possibilidade de os sem-terra invadirem suas propriedades - florestas, laboratórios e fábricas.
No acumulado entre janeiro e setembro, o lucro líquido consolidado da companhia somou R$ 484,45 milhões, o valor é 3,26% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Já o lucro líquido obtido pela companhia no terceiro trimestre foi de R$ 125,59 milhões, um aumento de 10,54% em relação à mesma etapa do ano anterior.
(Por Fernando Exman, Gazeta Mercantil, 23/11/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=13%2c0%2c1%2c310952%2cUIOU