Uma atitude concreta em favor da preservação e da economia de água. Assim pode ser definida a decisão do casal
Cleone e Celso Weber que, ao construir sua casa nova, implantou um sistema para o aproveitamento da água da
chuva.
A residência, no Loteamento Kipper (altos da Rua Pastor Lechler), em Santa Cruz do Sul, ficou concluída há
menos de dois meses. Um dos seus diferenciais é a cisterna, de cinco mil litros, que capta água da chuva. Essa,
mediante a força de um pequeno motor, abastece uma caixa de mil litros, no alto da casa. Dali, vai para as
descargas dos três banheiros. Além disso, é usada para o serviço no pátio, como a lavação das pedras e do carro,
e para molhar a grama e as flores. Nessas atividades, é considerado desperdício utilizar o líquido tratado pela
Corsan. Esse fica apenas para o consumo, preparo de alimentos e chuveiros.
Weber, que é engenheiro agrônomo, disse que sempre desejou aproveitar melhor a água da chuva. Não tanto pela
economia financeira, que é pequena, mas sim para evitar a perda de um líquido precioso. “Quando construi,
conversei com o engenheiro e criamos o sistema.” Até agora, está se revelando muito eficiente e pode servir de
modelo para outros interessados.
Conforme ele, a iniciativa está ajudando na preservação da água. O ideal, no entanto, seria que mais pessoas
adotassem o mesmo procedimento. “Se todas as famílias fizessem assim, nossos mananciais estariam
garantidos.” Até mesmo os alagamentos, nas precipitações torrenciais, poderiam ser reduzidos. Os telhados e os
espaços pavimentados, nas ruas e nos pátios, impedem que o líquido penetre no solo e ele corre forte na
superfície.
CALHA – Parte da cobertura da casa, projetada pelo engenheiro Lúcio Konzen, recebeu 25 metros de
calha. Essa recolhe a chuva que cai sobre 110 metros quadrados de telhado e a direciona para a cisterna, que está
enterrada no pátio. A transferência para a caixa é automática, pois, quando baixa o seu nível, o motor é acionado.
O investimento foi de R$ 2 mil, custo pequeno dentro de uma obra da construção civil. A cisterna é de fibra, coberta
por uma chapa de concreto. Em uma residência vizinha a dos Weber está sendo implantado um sistema
semelhante, com reservatório maior.
AUTONOMIA
Segundo os cálculos de Celso Weber, uma chuva de 55 milímetros é suficiente para encher o reservatório. Como
a média das precipitações na região chega a 150 milímetros por mês, a previsão é de que ele esteja sempre cheio.
A família é constituída por quatro pessoas. Em 30 dias, elas consumiram mil litros de água da cisterna. Se esse
número fosse mantido, ela teria autonomia para enfrentar uma estiagem de seis meses. Mas em uma seca a
tendência é de gastar bem mais, especialmente quando se quer preservar o gramado. Para evitar algum imprevisto,
a rede da residência também pode ser abastecida pela Corsan.
Segundo cálculos da Corsan, o custo de mil litros de água tratada é de R$ 2,63. Uma família de três pessoas, em
Santa Cruz, gasta em média 11 mil litros (R$ 28,93) ao mês para atender todas as necessidades da casa.
(Por José Augusto Borowsky,
Gazeta do Sul, 21/11/2006)