Ambientalistas protestam contra usinas de álcool no Pantanal
2006-11-22
Um grupo de ambientalistas entrou ontem (21/11) no saguão da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul carregando um caixão preto, coroas de flores, motosserra e uma faixa com as palavras "coveiro do Pantanal". A manifestação foi um protesto contra o projeto do deputado estadual Dagoberto Nogueira Filho (PDT), que autoriza a ampliação das usinas de álcool e açúcar de Sonora e Quebra Côco, no Pantanal.
Gritando em coro "Daganhoto", uma alusão ao vinhoto, que era um resíduo poluente das destilarias de álcool e que agora é usado como adubo e biomassa, eles chegaram ao plenário da casa para impedir a votação do projeto. O líder do governo, deputado Pedro Kemp, fez um pronunciamento inflamado: "Não tenho comprometimento com o assunto porque não recebi dinheiro de usineiros para minha campanha."
O parlamentar apóia os ambientalistas e coloca em dúvida os benefícios sociais e econômicos que empresas podem trazer para a região pantaneira. "A maioria das usinas contrata mão-de-obra de fora", disse. Segundo ele, o maior incentivador do projeto foi o governador Zeca do PT, que tentou mudar lei de 1982 que veta a implantação de usinas no Pantanal.
Em 12 de novembro de 2005, em outro protesto contra a obra, o ambientalista Francisco Anselmo de Barros ateou fogo no próprio corpo e morreu 24 horas depois na Santa Casa de Campo Grande. Francelmo, como era conhecido, fundou a Fuconams (Fundação para Conservação da Natureza). O atual presidente da entidade, engenheiro civil Jorge Gonda, 57 anos, disse que o Pantanal é um ecossistema muito frágil e a grande preocupação dos ambientalistas é que o projeto seja uma forma disfarçada para permitir novos empreendimentos poluidores na região. O projeto não foi votado hoje devido à ausência do autor.
(O Estado de S. Paulo, 21/11/2006)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/nov/21/213.htm