Greenpeace pressiona Bayer a retirar projeto de milho transgênico da CTNBio
2006-11-22
O Greenpeace realizou hoje um protesto em frente à sede da Bayer CropScience, em São Paulo. Cerca de 30 ativistas da organização ambientalista contornaram a sede da empresa com uma fita com a mensagem "área contaminada". Os ativistas também simularam uma plantação de milho no jardim e colaram uma faixa no prédio com os dizeres "Milho transgênico: no nosso prato não!".
Segundo a organização, o protesto teve o objetivo de pressionar a empresa para retirar da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) o pedido de liberação comercial de seu milho transgênico Liberty Link (www.libertylinkhybrids.com). A liberação da variedade geneticamente modificada é um dos assuntos discutidos na pauta da reunião da CTNBio, que começa amanhã em Brasília.
"A Bayer não pode usar o Brasil como campo de testes e os brasileiros como cobaias. Este milho transgênico não pode ser liberado até que exista uma certeza sobre a sua segurança", disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace. "Se a empresa for irresponsável e mantiver seu pedido de liberação comercial, caberá à CTNBio e ao governo proteger os brasileiros".
Segundo o Greenpeace, representantes da empresa apresentaram à organização uma carta informando que a variedade estava em avaliação na CTNBio. A organização ambientalista encaminhou uma denúncia à CTNBio, solicitando um posicionamento sobre o assunto.
Desde o último dia 8/11, o Greenpeace disponibilizou um protesto virtual (www.greenpeace.org.br/ciber_milho) contra o milho transgênico pedindo que o milho geneticamente modificado da Bayer não seja aprovado pela CTNBio.
O outro lado
A Bayer CropScience rebate as afirmações do Greenpeace lembrando que o Brasil é um dos últimos países a permitir que agricultores adotem a tecnologia de milho transgênico para comercialização.
"A questão do milho transgênico vem sendo debatida desde 1990, foi exaustivamente pesquisada e já está em uso em diversos países do mundo", afirma André Abreu, gerente de tecnologia de Divisão de Biociências da Bayer CropScience. "Os Estados Unido já tiveram a comercialização aprovada pelo FDA [Food and Drug Administration] em 1995", explica. O FDA é o órgão do governo americano que controla alimentos e remédios no país.
Procurada pela reportagem, a empresa garante ter fornecido um relatório técnico contendo todos os dados necessários para uma análise competente e "transparente" pela CTNBio.
O milho transgênico Liberty Link, desenvolvido pela Bayer, já recebeu aprovação em alguns países. A empresa oferece para consulta um relatório on-line da AgBios (www.agbios.com), com data e detalhes das aprovações de sua comercialização.
(Folha Online, 21/11/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15540.shtml