Reino Unido receia que atrasos nas negociações do pós-Kyoto causem vazio em 2012
2006-11-22
O ministro do Ambiente britânico, David Miliband, receia que o atraso nas negociações para um novo acordo que substituirá o Protocolo de Quioto – devido à inércia política - causem um vazio em 2012, ano em que termina o tratado de combate às alterações climáticas. Miliband alertou que a política está a ficar, perigosamente, para trás em relação aos avanços da ciência e defendeu um acordo de princípio no final do próximo ano. “Se tivermos um vazio em 2012, temos um grave problema. Todo o sistema ficará destroçado”, disse Miliband, citado pelo jornal “The Independent”.
A conferência de Nairobi decidiu começar a revisão de Quioto apenas em 2008. “As instituições políticas (…) não estão em sintonia com as necesidades científicas. Houve um verdadeiro progresso relativamente a questões importantes em Nairobi [na cimeira da ONU sobre clima, que terminou dia 17] mas a distância entre a ciência e a política continua a ser grande, com uma divisão entre os países industrializados e aqueles em desenvolvimento”, acrescentou.
Miliband defendeu que o problema das alterações climáticas é demasiado importante para ser deixado para os ministros do Ambiente e disse que devem estar envolvimos primeiros-ministros, ministros dos Negócios Estrangeiros e das Finanças. “Precisamos elevar o nível político. Não devemos ter ilusões. Não será fácil”.
O ministro acredita ser necessário avançar já em 2007 para garantir que as 189 nações fiquem de acordo sobre a negociação de um mandato porque as negociações mais específicas e a ratificação do novo protocolo poderão levar quatro anos. Quanto aos Estados Unidos, que decidiram ficar de fora de Quioto, Miliband diz que a sua contribuição é inevitável e que é apenas “uma questão de quando”.
“Não consigo pensar de melhor legado para George W. Bush do que passar os seus últimos dois anos de mandato a trabalhar num compromisso para colocar os Estados Unidos no centro do acordo global. Faria uma enorme diferente para o mundo e seria uma tremenda oportunidade para aquele país”. Nairobi foi a primeira conferência internacional sobre alterações climáticas onde a evidência científica não foi posta em causa, nem mesmo pelos Estados Unidos.
(Ecosfera, 20/11/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5802.asp