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2006-11-22
A contagem regressiva já começou. No alvorecer do milênio, as fontes de energia não-renováveis de um mercado mundial extremamente sensível, interdependente e instável estão se esgotando. Consumir somente o necessário, desenvolver fontes renováveis de energia e adotar novos hábitos se apresentam como os três únicos caminhos que devem seguir as perdulárias sociedades mais industrializadas. Se isso não for feito, o perigo é que o Norte do mundo fique às escuras. A economia de energia se converteu em algo inapelável para uma União Européia que colocou como prioridade máxima o combate às alterações climáticas, que constituem uma ameaça real ao equilíbrio do planeta.

Uma política coerente e eficaz sobre economia de energia, segurança, saúde e preservação da biodiversidade são os pilares básicos identificados pela UE para a manutenção das condições de bem-estar existentes no bloco, hoje com 25 países, e seu incremento em outras latitudes. A alta desmedida do preço do petróleo nos últimos cinco anos acelerou o processo de decisão dos europeus para explorar as fontes inesgotáveis da energia oferecida pela natureza, o que, aliado a novas tecnologias, se apresenta como o caminho inevitável para os países desenvolvidos.

Atualmente, cada Estado europeu mostra uma variedade de fontes de energia. Entre as quatro economias mais fortes do bloco, a Alemanha usa em especial o carvão; na França, 80% são de origem nuclear; a Grã-Bretanha prefere uma combinação entre gás, carvão e nuclear, enquanto a Itália recorre ao gás, petróleo e carvão. Em nível mundial, os Estados Unidos são quem mais consome energia, especialmente petróleo, seguidos por Japão, China, Canadá, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Brasil.

O português José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, órgão executivo da UE, disse em várias oportunidades que “a energia ocupa o primeiro lugar” no pacote de medidas urgentes que este bloco vai aplicar para enfrentar o aumento da temperatura global, que no final deste século, calcula-se, será de 5,8 graus, caso continue no ritmo atual. A estratégia da Comissão para desenvolver uma energia sustentável, competitiva e segura mostra que “combater as alterações climáticas, garantir nossa segurança energética e reforçar nossa competitividade são ações indissociáveis”, explicou Barroso em um artigo publicado na quinta-feira pelo jornal Público, de Lisboa.

Em outubro, a UE apresentou o Plano de Ação para a Eficiência Energética (PAEE), que prevê a aceleração da mudança para uma economia com baixa emissão de carbono. Este plano assinalou os primeiros passos com vistas ao aumento e à melhoria da segurança e da eficiência energética, a qual se pretende aumentar em 20% até 2020. Em janeiro serão anunciadas novas ações, que implicarão uma revisão estratégica da política energética. Mas a União Européia, responsável por 14% das emissões de gases causadores do efeito estufa no planeta – e que se estima serão reduzidas para 8% até 2050 – está consciente de que não pode enfrentar sozinha o desafio climático.

A proposta da UE para fazer frente ao desafio inclui a colaboração com outras nações de fora do bloco, para adotar uma nova geração de medidas globais, especialmente a cooperação da indústria européia com terceiros países em matéria de eficiência energética, fontes renováveis e captação e retenção de carbono. “Devemos oferecer nosso apoio aos países em vias de desenvolvimento no sentido de juntar esforços para combater as alterações climáticas”, recomendou o presidente da Comissão Européia no artigo que escreveu para o Público.

Dessa maneira, segundo Barroso, se poderá “chegar a um acordo sobre a redução das emissões globais e a um mercado global de carbono, a fim de conseguir um impacto genuinamente global”, porque “a Europa tem idéias, tem experiência e também tem a visão necessária para promover as melhorias reais”. Isabel de Castro, destacada ativista ambiental européia e deputada pelo Partido Ecologista Verde de Portugal, disse à IPS que as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa “são um fenômeno inegável que se manifesta no preocupante aumento da temperatura, na elevação do nível do mar, na extinção de espécies e na multiplicação do registro de fenômenos climáticos extremos”.

Não são simples estatísticas dos documentos dos especialistas, mas um drama que “tem conseqüências em termos de sofrimento e em perdas humanas e econômicas, o que contribuiu para a crescente conscientização sobre sua importância, compreensão e necessidade de agir conjuntamente”, acrescentou Castro. Durante décadas, tanto em nível político quanto informativo, o significativo aumento da poluição ambiental foi simplesmente ignorado, embora as necessidades energéticas das sociedades mais ricas fossem aumentando vertiginosamente a partir da Revolução Industrial européia, na segunda metade do século XVIII.

A partir de então, o consumo de recursos naturais não-renováveis, primeiro o carvão e depois o petróleo e o gás natural, não parou de crescer velozmente, e os cálculos indicam que, no ritmo atual de exploração, as reservas petrolíferas conhecidas em sua maioria estarão esgotadas em 2050. O gás natural demorará um pouco mais a desaparecer, o que obrigaria a uma utilização maior do carvão, cujas reservas poderão abastecer o planeta alguns séculos extras, mas que é mais nocivo ainda em termos ambientais. As soluções residem no abastecimento energético eólico ou fotostático, das ondas e correntes marítimas e da biomassa, afirmam os especialistas europeus.

Essa meta fatal dentro de, pelo menos, meio século, unida ao brutal e imprevisível aumento da demanda das economias em forte crescimento da China e da Índia, determinou que a questão seja incluída na agenda política internacional como “prioritária”. O engenheiro ambiental e deputado do Parlamento Europeu Carlos Pimenta alertou que é inadiável a defesa das fontes renováveis, as quais também recomenda para os países do Sul, porque “ninguém é suficientemente rico para não aproveitar estas energias que desperdiçamos, muito menos os países em desenvolvimento”.

A deputada Isabel de Castro recordou à IPS que estas previsões se devem, sobretudo, “à irracionalidade e ao fracasso do modelo de crescimento dominante” e, diante disto, existe a imperiosa necessidade de “uma nova cultura energética, que rompa a dependência do petróleo, assentada na diversificação das fontes”. A ambientalista portuguesa afirma que a solução está na “eficiência energética, recorrente às fontes renováveis, aproveitando os recursos endógenos, mas, sobretudo, na capacidade de colocar em prática novas formas de viver, produzir e consumir”. São caminhos que propõe não apenas para seu país, porque “a busca de soluções alternativas deve ser em nível mundial. Para salvar o clima do planeta não bastam os estados da alma”, conclui a parlamentar.
(Por Análise de Mario de Queiroz, IPS, 21/11/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=24902

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