(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-11-21
A fronteira entre Peru, Brasil e Bolívia - onde a Cordilheira dos Andes e a floresta amazônica se encontram - é a região de maior biodiversidade ecológica do planeta. Nessa área, foram encontradas quantidades recordes de espécies animais, insetos e plantas. Devido às diferenças bruscas de altitude em um espaço restrito, os ecossistemas mudam muito. Além disso, os rios andinos descem as montanhas carregando muita terra fértil para a Amazônia.

Entre 2000 e 2005, o desmatamento nessa região foi duas vezes maior que o ocorrido em toda a década de 90, segundo dados da Fundação Peruana para a Conservação da Natureza (ProNatureza). O ritmo acelerou-se ao longo do tempo. Foram destruídos 150 mil hectares em 1990, 200 mil hectares em 1995, 250 mil hectares em 2000 e 360 mil hectares em 2005. "São os efeitos da simples expectativa da estrada", diz coordenador do projeto Interoceânica Sul da entidade, Ernesto Ráez Luna.

A Interoceânica, que ligará o Brasil aos portos do Oceano Pacífico, atravessa o departamento de Madre de Dios, região do Peru com maior quantidade de hectares de selva em bom estado de conservação - 60% do território peruano é de floresta amazônica. No trecho que vai de Puerto Maldonado a Inambari, a estrada passa bem próxima da reserva nacional Tambopata e do parque nacional Bahuaja-Sonene. O rio Tambopata é um importante afluente da bacia Amazônica do Brasil. É exatamente no entorno dessas cidades que se concentra o desmatamento.

A região está cheia de "resorts de selva", hotéis que recebem turistas para passeios ecológicos. A chegada de turistas em Madre de Dios passou de 5 mil em 1994 para 40 mil em 2004. Mas também é forte a produção de ouro, que aumentou de 7 toneladas em 1990 para 15 toneladas em 2004.

A maior parte da população desse departamento é favorável ao asfaltamento da estrada, pois acredita que junto virão o progresso e a tecnologia. "Os ambientalistas não são contra a estrada, porque a população têm esse direito. O que nos preocupa é que falta investimento para ações de desenvolvimento sustentado", diz Luna.

A Corporação Andina de Fomento aprovou um financiamento de US$ 17,5 milhões para mitigar os impactos ambientais e sociais da obra. Esse valor representa 2% dos US$ 810 milhões do custo total da construção da estrada. Segundo o ambientalista, os organizações não-governamentais que acompanham a obra estão pleiteando recursos dez vezes maiores, cerca de US$ 200 milhões.

Luna teme que a estrada acelere atividades ambientalmente danosas, como mineração, agricultura e extração ilegal de madeira. Os impactos sociais, como o aumento da prostituição e do tráfego de drogas, também são preocupantes. A região é rota de transporte de cocaína do Peru e da Bolívia para o Brasil.

Para acelerar o projeto, o governo peruano aprovou separadamente o estudo de impacto ambiental apenas da primeira etapa da obra. A expectativa é que a aprovação completa ocorra ainda este ano. No Peru, o estudo de impacto ambiental é avaliado por um órgão subordinado ao Ministério dos Transportes. Não existe um Ministério do Meio Ambiente. A principal autoridade no país é o Instituto de Recursos Naturais, que faz parte do Ministério da Agricultura.
(Por Raquel Landim, Valor Econômico, 21/11/2006)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -