Caderno setorial sugere planejamento do turismo para conter impacto nos recursos hídricos
2006-11-21
O maior desafio do turismo, em especial o ecoturismo, é crescer. Para isso, são necessários mais investimentos. Outro gargalo é compatibilizar o uso industrial intenso em áreas cujos recursos hídricos têm vocação para balneabilidade, como as represas.
A atividade turística sem o devido planejamento causa impactos no uso da água, seja pela intensificação do abastecimento das cidades e do despejo de esgoto, ou ainda pelo aumento na produção de lixo.
As conclusões constam do Caderno Setorial de Recursos Hídricos – Indústria e Turismo, que aponta o setor como alternativa para o crescimento econômico. O planejamento, mais uma vez, é destacado como caminho para se alcançar a sustentabilidade, não só ambiental, mas também econômica.
Para o representante do setor de Turismo no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), Emerson Costa, da Associação Regional dos Usuários de Recursos Hídricos no Brasil Central (Arbrac), é preciso valorizar mais o turismo como atividade econômica e reconhecer seu papel como agente de manutenção do meio ambiente, na hora de traçar políticas públicas.
“Esse vasto litoral brasileiro, o interior, com o turismo ecológico, fazem com que o turismo evolua. E o setor é indutor, o agente da manutenção e preservação do meio ambiente. O coração do negócio do setor é manter a natureza saudável”, observa.
Representante dos movimentos sociais e organizações não-governamentais no CNRH, Ninon Franco, criticou a distribuição do assunto turismo no caderno setorial do tema. “O planejamento não leva em conta o turismo. Não há conscientização. No caderno setorial, 99% dos estudos são para a indústria e 1% para o setor de turismo, uma área que gera muito emprego”, analisou.
O próprio ministério do setor, conforme destacou Ninon, acaba de concluir um mapa estratégico em que mostra o potencial do turismo no país, mas o estudo ignora a questão do uso da água. “Não houve o recorte da bacia hidrográfica no estudo do ministério”, constata.
Ela lembra o potencial do turismo ligado às águas termais, do ecoturismo (cuja relação é intrinsecamente ligada ao uso da água), e ainda o turismo que pode ser planejado nas represas das usinas hidrelétricas, com apelo forte para a pesca amadora.
“A aprovação do plano [Plano Nacional de Recursos Hídricos] em si já é uma vitória. Mas é preciso haver a conscientização de que a água é um recurso que faz parte da vida de todos. O plano tem que ser levado a todos, em linguagem acessível para que participem da gestão da água, para que colaborem nesse processo”.
Para Ninon, os usos múltiplos da água têm que constar do processo decisório de todos os setores, “para que se permita e seja possível o uso para um e para o outro”.
(Por Lana Cristina, Agência Brasil, 20/11/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/11/20/materia.2006-11-20.6081882296/view