Rio Madeira: "A expectativa do projeto já está provocando impactos", diz senadora
2006-11-21
A senadora petista Fátima Cleide Rodrigues da Silva , recordista em votos em Rondônia, afirma ter "uma relação emocional" com os rios do estado. Nas últimas eleições, em que foi a principal oponente do governador reeleito Ivo Cassol, defendeu a construção do complexo hidrelétrico de Furnas no Rio Madeira. No entanto, em entrevista exclusiva ao Amazonia.org.br, admitiu que projeto ainda não está claro para a população, sendo necessários mais espaços de discussão.
Fátima ressaltou a importância das audiências públicas no processo de licenciamento. "Embora mesmo após o prazo de realização das audiências qualquer cidadão possa fazer questionamentos, elas são o momento de reflexões e esclarecimentos de dúvidas por parte de todos os setores da sociedade". Até agora foram realizados dois desses encontros, em Jaci-Paraná e Porto Velho, e as audiências que haviam sido canceladas por liminar da Justiça Federal serão realizadas em breve. A senadora defende que sejam realizadas mais desses encontros, e sugere que se reúnam setores específicos, para que se atenda melhor a interesses distintos.
Ela conta que já estão acontecendo grandes mudanças na dinâmica sócio-econômica regional em decorrência da obra. Está havendo, por exemplo, a migração para o estado devido à expectativa de crescimento e geração de empregos. "A procura de vagas na escola para 2007 aumentou muito. Novos empreendimentos comerciais são estabelecidos em Porto Velho a todo momento. A indústria da construção civil está movimentada". Sua opinião é de que o papel do poder público é pensar nos problemas que podem vir e começar a saná-los desde já.
Acompanhando a polêmica das últimas duas semanas em torno da obra, Fátima diz que apesar de defensora da construção tem críticas. Acredita que se os estudos encomendados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e Odebrecht foram feitos por especialistas, o Ibama deve sim levá-los em consideração e resolver as lacunas. "O governo realmente tem pressa em agilizar esse processo, já que prioriza as hidrelétricas do rio Madeira para resolver a situação de emergência energética do País, mas é imprescindível estudar tudo direito para não ter que gastar muito mais lá na frente para corrigir erros."
A respeito dos impactos ambientais, considera que a nova tecnologia - lago menor, usina fio d´água - será menos agressiva do que modelos implantados em outras regiões. 'Só que o projeto não é simples, tem muita coisa a ser esclarecida e a população precisa de mais oportunidades para tirar dúvidas sobre pontos importantes."
(Por Renata Moraes, Amazonia.org.br, 20/11/2006)
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=226739