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2006-11-21
Às vezes radicais quando investem ostensivamente contra aquilo que julgam politicamente incorreto na área ambiental, outras vezes seguindo a linha da autovitimização quando se amarram a mastros de navios, os integrantes do movimento Greenpeace estão em festa em todo o mundo. Atuando de um jeito ou de outro, eles são sempre polêmicos, mas são sempre a favor da vida – e a vida do planeta Terra já lhes deve muito de sua preservação ao longo dos últimos 35 anos. É justamente esse o motivo dos festejos: o Greenpeace completa três décadas e meia de existência. A história dessa organização canadense começou em 1971 quando um grupo de ativistas, a bordo de um pequeno barco, se lançou de Vancouver ao arquipélago de Aleutas (no Pacífico norte) para barrar os testes nucleares que os EUA realizavam na região. Interceptados pela guarda costeira, foram obrigados a retornar, mas o recuo não minou o protesto. Ao desembarcarem de volta no Canadá, foram recebidos como heróis. Estava assim sacramentado, logo de início, o modelo de atuação seguido atualmente por mais de 1,1 mil integrantes em 40 países – sem contar os cerca de três milhões de colaboradores. “Foi dessa forma que os primeiros militantes firmaram a idéia de serem testemunhas oculares das agressões à natureza”, diz Frank Guggenheim, diretor-executivo do Greenpeace no Brasil.

Desde 1994 a organização vem conseguindo impor regulamentações importantes como as que impedem a emissão de gases CFC (destróem a camada de ozônio) e proíbem a caça às baleias. E, na briga pela preservação do meio ambiente, algumas vezes a perseverança causou dor. No início dos anos 80, por exemplo, mergulhadores do governo francês instalaram explosivos no casco do barco Rainbow Warrior que pertencia ao Greenpeace e atracara na Nova Zelândia. A embarcação explodiu e um fotógrafo da organização morreu.

No Brasil, a primeira grande campanha do Greenpeace ocorreu há 14 anos e foi contra a construção de Angra 2. De lá para cá, houve muitas intervenções, algumas justas, outras se traduzindo mais pela intransigência do grupo. Num campo ou no outro, entre elas estão a demarcação das terras dos índios Deni em 2001, a obrigatoriedade de certificação do mogno brasileiro e a campanha que levou os europeus a não comprar a soja plantada em áreas devastadas da Amazônia. No momento, a luta é pela não liberação dos transgênicos. “Acreditávamos que o presidente Lula cumpriria a promessa de campanha de proibir os transgênicos e ele fez o contrário”, diz Guggenheim. É natural que o Greenpeace se oponha aos transgênicos, caso contrário seria incoerência. O que deve ser combatido, porém, não é o transgênico em si, mas o seu eventual mau uso. Nesse campo, e especificamente na questão relativa à soja, Lula não ter cumprido uma promessa de palanque significou um avanço para o País.
(Por Francisco Alves Filho, Isto É, 21/11/2006)
http://www.terra.com.br/istoe/1935/ciencia/1935_turma_do_barulho.htm

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