O especialista em água, William Gerson Matias, destaca que a poluição da água em Santa Catarina tem causas antigas. No Litoral, é a falta de saneamento básico, com a contaminação direta do esgoto lançado sem tratamento.
Na região Oeste, a suinocultura é a principal responsável pela contaminação dos mananciais. No Sul, além do problema da degradação do carvão - que poluiu grande parte dos rios -, os agrotóxicos usados no cultivo do arroz também prejudicam a qualidade da água. O Norte do Estado tem problema com os resíduos industriais.
Matias, que é doutor em toxicologia ambiental, alerta para a expansão da poluição em áreas até então preservadas. É o caso da Lagoa do Peri, no Sul da Ilha de Santa Catarina, que tem sofrido grande pressão urbana. Isto contribuiu para a emissão de efluentes na água e a conseqüente proliferação de algas, que podem começar a produzir toxinas. Da lagoa é captada água para o abastecimento de parte dos moradores da região. Ele explica que o Sul da Ilha está mais propício à contaminação das águas marinhas, pelo "gargalo" das correntes marinhas com o continente.
- O Norte conta com uma maior circulação das águas - afirma.
Por enquanto, nenhum ponto em Santa Catarina apresenta contaminação aguda, o que popularmente seria diagnosticado como um rio morto, a exemplo do Tietê, em São Paulo. Mas em muitos locais, que estão sendo monitorados, o problema da poluição começa a ser crônico e passa a ser considerados como águas doentes, explica Matias.
(Por Ariadne Niero,
Diário Catarinse, 19/11/2006)