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2006-11-20
O inclemente inverno deste ano no Mediterrâneo oriental apresenta uma nova ameaça à ecologia marinha, do Líbano à Turquia, por causa das seqüelas da mancha de petróleo causada, em julho, pelo bombardeio israelense de uma central elétrica ao sul de Beirute. Entre 10 mil e 15 mil toneladas de óleo vazaram, entre os dias 13 e 15 de julho, da central de Jiyeh, a 30 quilômetros da capital libanesa. O vazamento contaminou seriamente as águas vizinhas às costas libanesa e síria, embora o prejuízo ambiental dos vizinhos Chipre, Grécia e Turquia tenha sido reduzido por operações de limpeza do petróleo flutuante.

Porém, o perigo persiste. Equipes altamente especializadas precisam começar a trabalhar imediatamente para limpar rochas e edifícios antes que as tempestades de inverno açoitem a região, alertou o Centro Regional de Resposta de Emergência para a Contaminação Marinha no Mar Mediterrâneo, com sede em Malta. Espécies marinhas em risco de extinção já estão sofrendo os impactos do vazamento, e com o recente início da temporada migratória teme-se pela sorte de milhares de aves em locais como a reserva libanesa de Palm Islands.

O vazamento em Jiyeh foi causado pelo maciço bombardeio que, durante 33 dias, Israel efetuou contra o Líbano, depois do seqüestro de dois de seus soldados pelas milícias do grupo xiita pró-sírio Hezbolá. Após o cessar-fogo do dia 14 de agosto, as autoridades libanesas calcularam que os combates haviam causado a morte de, pelo menos, 1,1 mil civis. Apenas em 13 de outubro, com equipamento especializado, começou a recuperação manual de petróleo submergido ao redor da usina. Uma equipe de mergulhadores italianos estima que no leito do mar pode haver até 600 metros cúbicos de combustível. Eles têm a ajuda de uma organização não-governamental não identificada.

Mergulhadores dos Emirados Árabes Unidos também esperam para juntar-se à limpeza. Com experiência adquirida a partir de tarefas na Tailândia e no Sri Lanka, depois do tsunami de 26 de dezembro de 2004, a equipe da Associação de Mergulhadores dos Emirados aguarda somente o sinal verde das autoridades libanesas. “Estamos prontos para ir e ajudar a avaliar o alcance dos danos sob a superfície. Sei que as equipes de especialistas já estão no local”, disse em entrevista Ibrahim Al-Zubi, diretor do Departamento de Meio Ambiente da Associação.

Depois dos bombardeios diurnos e noturnos realizados em julho por aviões israelenses, uma missão criada pelo Ministério do Meio Ambiente do Líbano e por especialistas da União Mundial para a Natureza (UICN) encontrou praias, cavernas e rochas cobertas por petróleo. A faixa costeira, famosa como área de lazer para os ricos da Ásia ocidental, abriga as tartarugas cabeçudas (Caretta caretta) e focas-monge-do-Mediterrâneo (Monachus monachus). “As pessoas que vivem do mar lembrarão desta contaminação durante toda sua vida”, disse Xavier Kremer, especialista francês em vazamentos de petróleo da organização Cedre, sem fins lucrativos.

Descrevendo o vazamento como o pior desastre ambiental da história do Líbano, o ministro do Meio Ambiente, Yacoub Sarraf, disse à imprensa que “os custos da limpeza podem chegar a US$ 100 milhões. “Nem mesmo as espécies que vivem no fundo do mar escaparam da contaminação, e devem ser desenvolvidas técnicas inovadoras para eliminar o petróleo”, disse Rick Steiner, especialista em petróleo e membro da UICN. Exames preliminares da faixa costeira indicaram a presença de substâncias tóxicas como os hidrocarbonetos aromáticos polinucleares. Estes “provocam câncer e podem ir se acumulando nos órgãos das espécies e causar impactos a longo prazo, como o repentino colapso das populações de peixes anos depois da contaminação, como ocorreu no Alasca”, explicou Steiner, referindo-se à sua experiência a partir do vazamento de 37 mil toneladas de petróleo do navio Exxon-Valdez.

Em 17 de agosto, a Organização Marítima Internacional e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente se reuniram em Atenas e acertaram um plano de ação de quase US$ 65 milhões para ajudar as autoridades libanesas com a limpeza. Outros países, como Argélia, Chipre, Grécia, França, Itália, Malta, Espanha e Síria também se comprometeram em apoiar. O Conselho para o Desenvolvimento e a Reconstrução do Líbano estima os custos diretos dos danos à infra-estrutura causados pela guerra em US$ 3,6 milhões, embora alguns analistas afirmem que esse valor pode triplicar.

Várias praias arenosas conhecidas por serem usadas pelas tartarugas cabeçudas e pelas tartarugas-verdes (Chelonia mydas) para fazerem ninhos, foram afetadas, especialmente em Beirute e na Reserva Natural de Palm Islands, nos arredores da cidade libanesa de Trípoli. O petróleo que cobre a costa rochosa da reserva já matou algas e outros organismos que servem de alimento para peixes e tartarugas. Mona Khalil, que por seis anos trabalhou com tartarugas no Líbano, disse ao ser entrevistada que “o mais provável é que os filhotes de tartarugas recém-nascidos que entrarem na água perto de Palm Islands morrerão quando encontrarem petróleo ao sair em busca de oxigênio”.

Os filhotes “também podem estar expostos ao óleo residual que fica nas praias, bem como em águas próximas à costa. Semelhante exposição pode resultar em uma severa mortandade e/ou efeitos subletais, incluindo carcinogêneses e problemas fisiológicos e reprodutivos”, assegurou Steiner. O ornitólogo e administrador da reserva de Palm Islands, Ghassan Jaradi, que avistou pássaros empapados de petróleo, se preocupa com o surgimento de mais casos semelhantes, já que a temporada de migração de aves costeiras está apenas começando. Cerca de 156 espécies de pássaros, incluindo muitos migratórios, podem já estar em contato direto com a água contaminada. As focas-monge-do-Mediterrâneo, que podiam ser avistadas nas águas da reserva, também podem ser afetadas. Estão incluídas na Lista de Espécies Ameaçadas da UICN.

“Palm Islands, que é uma das escalas mais importantes do Líbano para as aves migratórias e está protegida pela Convenção de Ramsar, é uma microamostra que representa a situação geral do entorno marinho do país”, disse Ghassan. Esta Convenção foi subscrita em 1971, na cidade iraniana de Ramsar, para preservar ecossistemas prioritários, como recursos hídricos e fontes de biodiversidade. A missão da UICN já ajudou a começar as operações de limpeza e os controles da biodiversidade. Entretanto, Kremer, da Cedre, advertiu: “Depois de limpar a maior parte do petróleo, ainda restará cerca de 1% nas águas. As pessoas terão a impressão de que as praias continuam contaminadas”, afirmou.
(Por Meena S. Janardhan, Terramérica, 20/11/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=24788&edt=1

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