Marina nega que Bolívia seja impactada por futuras usinas
2006-11-20
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) comentou na última sexta-feira (17/11) em Nairóbi (Quênia) a polêmica em torno das usinas hidrelétricas do rio Madeira, na região amazônica. Segundo ela, os impactos da obra não chegam à Bolívia.
A ministra disse que um terceiro empreendimento que seria realizado em conjunto com as uninas de Santo Antônio e Jirau foi eliminado do projeto extamente para evitar afetar o país vizinho. Segundo ela, o tamanho do lago foi diminuído oito vezes e medidas evitaram que a obra atraísse novas frente de expansão na floresta.
Disse que a avaliação da obra está tomando o tempo necessário para que todas as partes sejam ouvidas, e todos os riscos, avaliados. "Ninguém aceita fazer simplificação na cirurgia de coração do seu filho", comparou.
A ministra voltou a reforçar que as obras de infra-estrutura passaram a ser discutidas em vários ministérios e com os empreendedores e que ter cuidados nessas fases diminui futuros problemas e acaba com projetos que ficam "400 anos na Justiça".
Marina afirmou que Furnas, uma das empresas responsáveis pelo projeto das usinas, encomendou um estudo o Ministério Público, cujos resultados ainda são esperados. Na última semana, a Folha apurou que o estudo conclui que as usinas podem trazer danos ambientais à Bolívia e ao Brasil.
Ajuda regional
O governador do Acre, Jorge Viana (PT), afirmou ontem que o Palácio do Planalto estuda uma proposta feita por ele e outros dois governadores da região Norte -Ivo Cassol (PPS), de Rondônia, e Eduardo Braga (PPS), do Amazonas- de dar parte dos lucros de hidrelétricas aos Estados onde elas são construídas.
A idéia surgiu a partir do planejamento das hidrelétricas do rio Madeira, que passa pelos três Estados.
Segundo Viana, que participou até ontem da Conferência do Clima da ONU em Nairóbi, o projeto daria 5% da parte estatal do empreendimento (49%) a cada Estado, como uma forma de compensá-los pela utilização de um bem- o rio.
Atualmente, Estados e municípios podem receber royalties por obras de infra-estrutura, além dos ganhos das compensações necessárias para mitigar o impacto do empreendimento. A nova demanda, segundo Viana, seria um ganho adicional.
(Por Ana Flor, Folha de S. Paulo, 18/11/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1811200608.htm