Cidade do Piauí ainda não viu benefício de instalação de usina de biodiesel
2006-11-20
Quarta cidade do Estado, com 55 mil habitantes, e banhada pelo rio Parnaíba, Floriano é conhecida como "Princesa do Sul do Piauí". Porta de entrada para o cerrado piauiense e cidade-pólo da região, tem a economia baseada em comércio e serviços.
A chegada da Brasil Ecodiesel, em agosto de 2005, parecia marcar um novo tempo. Por enquanto, não passou de uma miragem no semi-árido.
Por causa de um generoso programa de incentivos fiscais para instalação de empresas no Piauí, o Estado não recolhe ICMS da Ecodiesel -por conseqüência, o município, que receberia 20% do imposto, fica sem nada.
Pela lei, empresas como a usina de biodiesel, por fabricarem "produto sem similar" no Estado, são dispensadas de 100% do ICMS durante 12 anos, caso se fixem no interior. O ICMS seria o único imposto direto a que Floriano teria direito com a chegada do empreendimento.
Mas as benesses partiram também da cidade, que ofereceu cinco áreas municipais para a instalação da usina, hoje com 84 funcionários, a maioria do próprio Estado.
A Ecodiesel rejeitou as cinco, e a prefeitura foi obrigada a comprar um sexto terreno para os investidores.
Floriano foi prejudicada ainda pela recomendação de técnicos agrícolas de que o município não é adequado para o plantio de mamona, e o núcleo de agricultura familiar do projeto na região foi para Canto do Buriti, a 260 km dali (há outros espalhados pelo Nordeste).
Mesmo assim, a prefeitura, que não tem ainda um estudo do impacto econômico da instalação da empresa, elogia o empreendimento.
"Até aqui, a chegada da Brasil Ecodiesel é positiva, mas pode ser bem mais, trazendo outras indústrias que podem aproveitar subprodutos do biodiesel, como a glicerina, e se forem superadas as restrições técnicas para plantio de mamona", diz o secretário de Governo, Edilberto Batista de Araújo.
(Folha de S. Paulo, 19/11/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1911200612.htm