Uma nova mortandade de peixes foi verificada neste fim de semana no Rio dos Sinos. Segundo o diretor
técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Jackson Müller, a chuva que atingiu a
região desde a sexta-feira (17/11) varreu os arroios que cortam os municípios e fez chegar ao rio uma
grande carga de poluição, comprometendo ainda mais os níveis de oxigênio na água.
O Rio dos Sinos amanheceu no sábado (18/11) salpicado de peixes mortos. Espécies como biru e branca
foram algumas das encontradas boiando na água entre Novo Hamburgo e São Leopoldo.
- Isso ocorreu porque o rio, que já enfrenta uma situação muito difícil, com uma vazão de 10,1 metros
cúbicos por segundo, quando o normal é de 120 metros cúbicos por segundo, recebeu nova carga de lixo
doméstico - explicou Müller.
Depois de constatar o novo episódio, a Fepam coletou peixes mortos, que serão enviados hoje para
análise laboratorial, e exemplares vivos, para estudos. Desta vez, a causa estaria na falta de
cuidado da população e das prefeituras dos municípios da região, que precisariam adotar medidas
eficazes para conter a agressão ao ambiente.
- Estamos por receber plantas de sistemas aplicados ao Rio Tietê, em São Paulo, que impede a chegada
da poluição aos cursos d'água. Há a possibilidade de conseguirmos recursos do governo federal para
adquirir esses equipamentos. Estamos tratando disso diretamente em Brasília - disse Müller.
O Rio dos Sinos enfrenta uma situação peculiar, que dificulta o controle de novos acidentes, observa
o biólogo. Em 2003, a estiagem provocou a diminuição da vazão no Sinos em fevereiro. No ano seguinte,
aconteceu no final de janeiro. Em 2005, lembra Müller, o fenômeno foi verificado ainda no início de
janeiro.
- E agora está acontecendo em novembro. Assim fica difícil recriar uma condição boa de sobrevivência.
Ainda mais quando percebemos um volume impressionante de cardumes subindo o rio. É a natureza
procurando uma chance - acrescenta.
Resultado de exames deve ficar pronto esta semana
O biólogo ressaltou que o caso nada tem a ver com a mortandade ocorrida em 8 de outubro, provocada
pelo lançamento de efluentes industriais na água. Sobre aquele episódio, a Fepam espera receber ainda
nesta semana os resultados finais dos laboratórios acionados. A partir dos dados pode ser possível
identificar novas empresas envolvidas, assim como alguns tipos de elementos químicos lançados na
água.
- Mesmo que não cheguemos a novos responsáveis, estamos tentando sensibilizar os municípios para
ações preventivas. Nesta segunda-feira, pretendemos concluir a instalação de uma bomba de oxigenação
da água, que deve começar a funcionar terça-feira - disse Müller.
A outra bomba deverá ser instalada nos próximos 10 dias.
(
Zero Hora, 20/11/2006)