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2006-11-20
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, quer assegurar a renovação do arsenal nuclear do Reino Unido antes de abrir caminho para seu sucessor à frente do governo - como prometeu fazer em até um ano - segundo a edição de sexta-feira (17) do jornal "The Guardian".

De acordo com o diário, o líder trabalhista informou a seu governo que quer lançar o que se anuncia como um debate polêmico sobre a substituição dos mísseis nucleares Trident.

O ministro da Defesa, Des Brown, iniciou uma série de reuniões com seus colegas do Executivo frente à iminente publicação de um documento que defende a manutenção de uma força de dissuasão (arsenal nuclear) independente. Brown quer submeter o plano de renovação dos mísseis à votação no Parlamento.

Partido Trabalhista - Vários membros do governo consultados pelo jornal reconheceram a necessidade de tramitar bem o debate para evitar fissuras no Partido Trabalhista, que terá que escolher seus novos líderes após o abandono do poder por Blair e seu vice, John Prescott.

Os críticos da renovação do arsenal de mísseis Trident reivindicam um debate sobre o custo total do programa, que se calcula em um mínimo de 30 bilhões de euros distribuídos ao longo de 30 anos.

O provável sucessor de Blair na liderança do governo e atual ministro do Tesouro, Gordon Brown, mostrou-se favorável a que o Reino Unido mantenha sua força de dissuasão independente, embora ainda não tenha especificado de que forma.

Opções - O governo de Londres tem quatro opções: renunciar ao armamento nuclear, prolongar a vida útil do atual sistema de mísseis Trident 11 D5 e os submarinos correspondentes Vanguard, substituir estes mísseis por outros novos em virtude do acordo existente com Washington ou adquirir um sistema totalmente novo de mísseis.

Uma pequena maioria da opinião pública britânica se mostra a favor de que o país conserve uma força de dissuasão independente, mas, por outro lado, em seu último congresso, em setembro, a confederação britânica de sindicatos rejeitou por votação o Trident.

Muitos membros da esquerda trabalhista acham que a eventual substituição dos Trident representaria uma violação das obrigações contraídas pelo Reino Unido ao assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Outros argumentam que o sistema Trident tinha sentido durante a Guerra Fria, mas não agora, quando o principal perigo que o país enfrenta são as redes terroristas e não outras potências nucleares.

O atual sistema Trident entrou em serviço no fim de 1994 e sua vida útil é calculada em entre 25 e 30 anos. Apesar de os mísseis destinados eventualmente a substituí-lo não entrem em serviço até meados de 2020, seria preciso começar já a tomar as decisões necessárias.
(Efe, 18/11/2006)
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