O Rio dos Sinos receberá 40 mil metros cúbicos de oxigênio puro para
melhorar a qualidade da água e evitar a mortantade de peixes. Esse
volume de gás seria suficiente para encher 1,3 mil caminhões-tanque
de combustível. A medida, inédita no Rio Grande do Sul, será aplicada
por um período experimental de 30 dias.
A primeira linha de injeção de oxigênio começou a ser instalada pela
White Martins na semana passada na localidade de Pesqueiro, em
Sapucaia do Sul, e começa a funcionar entre segunda (20/11) e
quarta-feira (22/11). A segunda linha será implantada em no máximo 10
dias em São Leopoldo, próximo ao canal João Corrêa.
Cedidos pela unidade da White Martins em Sapucaia do Sul e pela filial
de Guaíba da Air Products, os equipamentos devem melhorar o nível de
oxigenação do rio. A preocupação da força-tarefa que monitora o Sinos
desde a mortandade de peixes registrada em outubro é com os cardumes
que passam pelo trecho mais crítico do rio.
Nesse ponto, o teor de oxigênio não supera 1,5 miligramas por litro -
o índice ideal é de pelo menos cinco miligramas por litro. A meta da
Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) é alcançar entre
três e 3,5 miligramas por litro com a instalação dos equipamentos.
Solução definitiva exige redução de poluentes
A implantação das linhas de injeção de oxigênio puro em um rio é
pioneira no Rio Grande do Sul e será testada durante 30 dias.
- Utilizamos um sonar e identificamos 62 cardumes passando pelo trecho
mais crítico do rio. A idéia é melhorar a oxigenação para esses
peixes - explica o diretor técnico da Fepam, Jackson Müller.
A medida deve impedir uma mortandade semelhante à do mês passado,
quando toneladas de peixes morreram em razão da grande quantidade de
poluentes despejada no rio. Os equipamentos, geralmente usados por
indústrias no tratamento de efluentes, irão substituir os três
compressores instalados no final de outubro para auxiliar a
respiração dos peixes. O aerador (espécie de chafariz flutuante que
faz a água entrar em contato com o ar), instalado em Sapucaia do Sul,
permanecerá no rio.
- A injeção de oxigênio é mais eficaz porque, enquanto os outros
equipamentos levam ar com 21% de oxigênio para a água do rio, esses
novos equipamentos injetam oxigênio puro - compara Müller.
Para o biólogo da Unisinos Uwe Schulz, a ação é válida em uma situação
de emergência, mas o rio ainda precisa de uma solução de longo prazo.
- Se a carga poluidora, decorrente principalmente do esgoto doméstico,
não diminuir, acontecimentos como esse vão se repetir - avalia,
referindo-se à morte de cardumes.
Atenção
> Instalados às margens do Sinos, os equipamentos só devem ser
manuseados por especialistas
> O gerente regional da White Martins, Mário Simon, e a engenheira
química da Air Products, Magda da Matta, alertam para o perigo de um
leigo mexer com oxigênio na fase liqüida, quando se encontra a uma
temperatura que se aproxima de -190ºC
> Há riscos de queimaduras graves, de fogo e de explosões
(Por Carla Dutra,
Zero Hora, 18/11/2006)