Mudanças no governo americano não garantem agenda verde
2006-11-17
A vitória de uma maioria democrata nas eleições do congresso americano na semana passada levantou o debate sobre um novo olhar dos Estados Unidos para as questões climáticas e energéticas, porém muitos ambientalistas acreditam que a criação de uma forte agenda nesta área é uma proposta um pouco ambiciosa. Ao contrário dos políticos republicanos como o presidente George Bush, os democratas são conhecidos por serem mais preocupados com o meio ambiente.
“Eu acho que você terá que voltar a época do Iluminismo para encontrar mudanças tão grandes na visão mundial”, afirma o presidente do Grupo de Trabalhos Ambientais, Ken Cook. A última pesquisa relacionada à emissão de gases do efeito estufa realizado pelo órgão da ONU responsável por mudanças climáticas (UNFCCC), mostra que os EUA aumentaram em 15,8% suas emissões entre 1990 e 2004.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-12) no Quênia, muitos participantes avaliaram a vitória democrata como uma abertura para uma nova era em relação à posição norte-americana sobre o tema.
"Vamos ver uma nova atitude dos Estados Unidos nos próximos anos em relação às mudanças climáticas. Nós temos um Congresso mais internacional agora e isso me deixa otimista", afirmou o diretor do Programa de Políticas Públicas em Ciência e Tecnologia da Universidade de Harvard, John Holdren.
Novas lideranças
As mudanças nas lideranças realmente foram grandes. A senadora democrata da Califórnia, Bárbara Boxer, que é a favor de cortes obrigatórios nas emissões de gases ligados ao aquecimento global, será a presidente do Comitê de Meio Ambiente e Trabalhos Públicos.
Em uma entrevista nesta segunda-feira, a senadora disse que primeiramente irá revisar meia dúzia de propostas colocadas na pauta para frear as emissões de gases do efeito estufa e, depois, irá focar seus esforços nas melhores opções.
Quem estava à frente do comitê até então era o senador republicano de Oklahoma James M. Inhofe que chamou o consenso sobre a culpa humana nas mudanças climáticas de a maior fraude já disseminada pela humanidade.
O democrata californiano Jerry McNerney, um executivo da área de energia eólica, irá substituir o atual presidente do Comitê de Recursos da Câmara, Richard W. Pombo, um republicano que lutou para abrir terras públicas ao interesse privado.
Porém apesar das mudanças nos comitês, alguns lobistas tentam esfriar as expectativas de que uma agenda ambiental será inserida a uma velocidade maior no congresso americano.
A lobista Melinda Pierce disse em uma entrevista que “a comunidade ambiental deve reconhecer o quão difícil será para avançar nesta agenda com um canal tão estreito segurado por grandes”.
O senador democrata de Novo México Jeff Bingaman afirma que há um perigo de falhar por tentar alcançar mais do que é possível. “A pequena diferença de democratas e republicanos garante que nós não passemos nada sem o apoio de alguns republicanos”, diz.
Apesar do passo lento, a agenda ambiental do congresso americano está andando. O presidente do National Environmental Trust e ex-membro sênior do senado democrata, Philip E. Clapp, diz que está muito claro que a casa dos democratas quer mover uma peça na legislação energética no primeiro semestre de 2007. Para Clapp, esta medida incentivará a produção de combustíveis como o etanol.
O senador Bingaman diz que continuará pressionando para que sejam estabelecidos regras para que ao menos 10% da eletricidade seja gerada por fontes renováveis como solar e eólica até 2020. Além disso, ele quer uma legislação com medidas mandatárias de eficiência energética.
O democrata de Michigan John D. Dingell aponta as dificuldades para encontrar apoio para uma agenda maior. Dingell apóia o controle e extinção de substâncias tóxicas, mas nunca abraçou os padrões para automóveis eficientes energeticamente. Regras sobre eficiência de combustíveis para carros têm recebido largo apoio do Congresso desde a aprovação de uma lei sobre o tema em 1975.
Em março, o Departamento Federal de Transportes anunciou que em 2011 os maiores caminhões leves e veículos utilitários esportivos devem fazer 24 milhas por galões e os outros 28,4. Segundo a lobista ambiental do Grupo de Pesquisa sobre os Interesses Públicos dos Estados Unidos, Anna Aurélio, um padrão de 40 milhas por galão é acessível para todos veículos de passageiros.
(CarbonoBrasil com agências internacionais, 16/11/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=16168&iTipo=5&idioma=1