Problemas causados pelo mexilhão dourado aumentam no verão
2006-11-17
O Rio Caí, um dos símbolos da cidade e o principal ponto de captação de água da região, deve receber maiores cuidados nessa época de calor. Um dos problemas é a alta concentração do mexilhão dourado. Ele apareceu no estado em 1999, oriundo da Ásia, e rapidamente instalou-se no Lago Guaíba. No mês passado, aconteceu um encontro das prefeituras da região metropolitana para discutir e trocar informações sobre o molusco.
Segundo o diretor da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente de Montenegro (Smam}, André Venâncio, essa reunião foi importante, mas um pouco tardia. "Não existe solução para acabar com essa praga. O que vamos fazer é controlar e aprender a conviver com o mexilhão." O molusco encontrou, no RS, um local perfeito para sua proliferação. "A temperatura, o clima, as características físico-químicas da água e o nível de poluição são ideais para essa reprodução astronômica", justifica André.
Mesmo com predadores naturais, como piava, pintado e jundiá, o mexilhão não vai desaparecer, porque suporta mais os poluentes das águas do que os próprios peixes. "A preocupação não é maior porque não há estudos que apontem que ele cause doenças ou epidemias", diz André.
Em breve, será criado um ponto de captação de mexilhões no Cais do Porto. "Basta colocar um objeto, um tijolo, por exemplo, dentro da água e, a cada mês, verificar a fixação dos moluscos, sua reprodução, o tamanho das conchas." Para André, esse é mais um problema da globalização. "Os animais vêm na água de lastro dos navios, o meio de transporte mais barato para levar mercadorias de um ponto a outro", lamenta.
Corsan está preparada
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) é uma das mais prejudicadas na captação de água. Além de destruir a fauna e corroer cascos de embarcações, os mexilhões obstruem filtros e tubulações, encarecendo o tratamento de água fornecido à população. De acordo com o chefe da unidade de Montenegro, Luiz Henrique Medeiros, foram feitas retiradas dos mexilhões nos meses de janeiro e agosto com uma equipe especializada de mergulhadores. "Hoje, esse é o principal problema do rio. A poluição, por enquanto, está dentro dos níveis tolerados", afirma. O molusco interfere diretamente na captação da água, diminuindo a potência. O custo da manutenção não será repassado aos usuários.
A presença de algas, outro problema de captação, que interfere no gosto e no cheiro da água, pode não acontecer. Caso surjam, o tratamento com carvão ativado é o mais indicado. "Ele absorve os odores e o gosto, além de não deixar resíduos, pois ficam todos no filtro", fala o auxiliar de tratamento José Valdir Azevedo.
Segundo Azevedo, a cidade não terá problemas de abastecimento no verão. "Nos últimos três anos, tivemos períodos de estiagem e a cidade foi abastecida normalmente. O que pedimos à população é que a água seja utilizada de forma racional", enfatiza.
(Por Kelly Marcondes, Jornal Ibiá, 16/11/2006)
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