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2006-11-16
O governo argentino concordou com a proposta brasileira de realizar uma avaliação do impacto ambiental que futuras hidrelétricas causariam na região do rio Uruguai, localizada na fronteira entre os dois países. A informação é do superintendente de meio ambiente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Ricardo Calvacanti Furtado.

O processo, pelo lado do Brasil, será conduzido pela Eletrobrás e Ministério de Minas e Energia. O trecho na fronteira internacional entre Brasil e Argentina será reinventariado, o que possibilitará a definição dos empreendimentos de geração que serão construídos, entre eles a usina Garabi. O projeto prevê a implantação de um sistema de até três aproveitamentos hidrelétricos no rio Uruguai, na região do município de Garruchos, que poderá gerar até 1,8 mil MW (cerca da metade da demanda atual de energia do Estado). O investimento previsto no complexo é de aproximadamente US$ 2 bilhões.

Furtado participou na terça-feira (14/11) em Porto Alegre da consulta pública dos estudos que compõem a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) do rio Uruguai na área entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O encontro serviu para que ambientalistas questionassem o processo de AAI.

A Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do Rio Uruguai pretende levantar os possíveis problemas que a implantação de usinas hidrelétricas causaria na região, antecipando os eventuais impactos e dando subsídios para facilitar o futuro licenciamento ambiental.

A AAI encontra-se em processo de elaboração e deve ser concluída até o final de dezembro. Na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, até 2005, a bacia do rio Uruguai apresentava projetos em estágio de operação, concessão ou licenciamento com um potencial para geração de mais de 5,3 mil MW, energia suficiente para atender com sobra a demanda gaúcha.

O professor de botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Paulo Brack enfatiza que é necessário tentar conter o desperdício de energia porque se isso não for feito a cada ano será preciso construir complexos que correspondam à metade da potência de uma usina de Itaipu, o que implica grandes impactos ambientais. Brack critica o fato de que a AAI esteja sendo conduzida pela EPE, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, e não pelo Ministério de Meio Ambiente. "Como nós estamos avaliando os efeitos sinérgicos e cumulativos de um conjunto de aproveitamentos hidrelétricos esse, na minha opinião, é um estudo de competência do setor elétrico e a EPE é a mais indicada para fazer esse levantamento", defende Furtado. No período de 27 de novembro a 1 de dezembro ocorrerão consultas públicas sobre a Avaliação Ambiental Integrada do Rio Uruguai nas cidades de Lages (SC), Chapecó (SC), Erechim (RS), Ijuí (RS) e Uruguaiana (RS).
(Jornal do Comércio, 16/11/2006)
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