A senadora Marina Silva (PT-AC) cobrou em Plenário, na semana passada, maior agilidade nas ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra a degradação dos manguezais nordestinos. Ao lado da especulação imobiliária e da poluição, a expansão da carcinicultura (cultura de crustáceos) foi apontada por Marina como um dos principais fatores de desestruturação tanto do processo reprodutivo das espécies marinhas quanto do sustento das populações ribeirinhas que sobrevivem da coleta de mariscos, ostras, peixes e caranguejos. Segundo a senadora petista, as comunidades e entidades ambientalistas já encaminharam sua preocupação sobre a questão ao presidente do Ibama, Hamilton Casara. -Essas fazendas de camarão estão destruindo a possibilidade de existência de vida digna das comunidades extrativistas marinhas dos litoral do Nordeste, afirmou. Marina Silva informou ainda que a situação dos mangues se agravou nos últimos 15 anos, advertindo que as áreas remanescentes estão ameaçadas pelo despejo de rejeitos urbanos e industriais. Dentre as queixas das comunidades extrativistas e entidades ambientalistas contra a exploração da carcinocultura, destacam-se a poluição dos manguezais por restos de ração e substâncias químicas usadas nos viveiros, o que vem reduzindo a diversidade biológica da área, e a impossibilidade de acesso a pontos tradicionais de retirada de mariscos, ostras e crustáceos. Embora concorde com essas denúncias, Marina Silva esclarece que não é contra a carcinocultura. Na sua opinião, é fundamental que haja uma conciliação das perspectivas econômica e sócio-ambiental na exploração da atividade. - Enquanto o Ministério do Meio Ambiente vem se preocupando em preservar os manguezais, o Ministério da Agricultura vem incentivando a criação de camarão, com o objetivo de estimular as exportações e aumentar a arrecadação de impostos, comentou. Na oportunidade, a senadora petista reconheceu o empenho do presidente do Ibama em atuar na fiscalização e no combate às irregularidades citadas. Segundo informou, Hamilton Casara já chegou a propor que o Centro Nacional das Populações Tradicionais (CNPT) assuma a criação de reservas extrativistas em manguezais. Além de contribuir para a preservação desses ecossistemas, observou, as reservas devem permitir a melhoria das condições de vida das populações que sobrevivem da extração de mariscos, ostras e crustáceos em mangues, como a da Encarnação, no litoral da Bahia.