Brasil perde espaço para China e Índia na venda de créditos de carbono
2006-11-16
Lançado em setembro do ano passado, o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), considerado um passo fundamental para a organização do mercado de carbono no Brasil, já é reconhecido por 37% das 163 empresas brasileiras consultadas para um estudo da PricewaterhouseCoopers, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, sobre a implantação de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O estudo aponta, no entanto, que 79% das empresas pesquisadas ainda não transformaram em ação o conhecimento que já têm sobre as vantagens da adoção de projetos de MDL.
O sócio da Price, Rogério Gollo, acredita, porém, que já em 2007 pelo menos 90% dessas empresas deverão estar com projetos em análise. “Toda vez que há um projeto novo ou expansão de um projeto, o MDL tem de ser examinado porque envolve eficiência energética”.
Gollo disse que o Brasil poderá se beneficiar em muito do mercado global de carbono, vendendo os créditos que possui para países poluidores como o Japão, por exemplo, que têm compromisso de reduzir as emissões de gases causadores do chamado efeito estufa já em 2008.
Entre os países emergentes, a China já tomou a liderança nesse processo, acompanhada pela Índia, deixando o Brasil para trás, alertou o executivo. “Pela quantidade de projetos e pelo nosso potencial, nós poderíamos estar bem mais à frente”, avalia Gollo. “As empresas ainda não partiram do conhecimento para a ação, limitando-se a ficar só na análise”.
As estatísticas mostram que a China detém o maior número de projetos de MDL (60%) entre os países vendedores de créditos de carbono, contra apenas 5% do Brasil e 10% da Índia. Tomando por base o ano de 2005, a América Latina detinha 19% do total de projetos de MDL no mundo.
Gollo afirmou que o governo brasileiro está bem estruturado para atender as empresas em relação a projetos de MDL, faltando apenas linha de crédito especial para os projetos. “O banco, ao dar um financiamento para um projeto, deveria incluir um percentual que estivesse voltado à eficiência energética e ao MDL. Quando você incluir uma linha de crédito vinculada a projetos de investimento, isso certamente vai deslanchar. Não só de empréstimos oficiais, mas também privados”, destacou.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 14/11/2006)
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