Produtores de arroz regularizados poderão retomar captação de água nos rios Gravataí e Sinos
2006-11-16
Produtores de arroz das bacias dos Rios Gravataí e Sinos que tiverem a
outorga da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) poderão retomar a
captação de água naquelas localidades. O esclarecimento foi feito durante a
audiência pública que a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo
(CAPC) realizou no final da manhã desta terça-feira (14/11) para debater o
tema. Os orizicultores estavam impedidos de fazer a captação em função do
incidente ecológico que causou a morte de milhares de peixes no Rio Sinos.
Segundo as Resoluções 29 e 30/2006 do Conselho de Recursos Hídricos, os
orizicultores podem captar água no Rio Sinos quando este atingir o nível
estabelecido. Pela norma, para captação, o nível do rio deveria se manter
acima de 0,50 cm, medido a partir do crivo da bomba da SEMAE de São
Leopoldo; 0,60 cm, acima do nível da Comusa, de Novo Hamburgo; e 0,70 cm
acima do crivo da bomba de captação da Corsan de Campo Bom. Quanto ao Rio
Gravataí, a Resolução determina que o mesmo esteja 1m acima do nível do mar
na captação da Corsan de Gravataí. "Os produtores interpretaram as
Resoluções como proibições. Mas tratam-se de restrições
condicionadas", resumiu o presidente da CAPC, deputado Elvino Bohn
Gass (PT).
Ele explicou que os produtores que tiverem a outorga concedida pelo
Departamento de Recursos Hídricos da Sema e a licença Ambiental concedida
pela Fepam poderão captar água das referidas bacias desde que os rios
atendam os níveis exigidos. Bohn Gass destacou a necessidade de preservação
da atividade dos produtores locais, observando a manutenção do abastecimento
de água dos 43 municípios da região e a preservação do meio ambiente. "Há que se buscar uma solução satisfatória para o grave problema do
Rio Sinos, que agoniza sem oxigenação. Vamos cobrar de todos os envolvidos,
sejam eles produtores, indústrias, o cumprimento da lei ambiental.
Mas devemos lembrar que, neste caso, a responsabilidade é de indústrias
locais poluidoras que ainda têm o privilégio de terem seus nomes ocultados
nos processos", inconformou-se.
A procuradora da Justiça Silvia Capelli alertou para a ausência de um
planejamento ambiental. "Os encarregados pela solução destes conflitos
são os Comitês de Bacias Hidrográficas. Mas o Ministério Público se põe à
disposição como facilitador deste processo. Há necessidade de fortalecermos
estes Comitês, de termos uma legislação sobre recursos hídricos com
investimentos específicos e de discutirmos uma política ambiental
consistente com todos os setores envolvidos", concluiu.
Participaram da audiência também representantes dos Comitês de Bacia
Hidrográfica dos rios Gravataí e Sinos, da Corsan, Fepam, Sema, Defesa
Civil, Federarroz, entre outros.
(Por Andréa Farias, Assessoria dep. Elvino Bohn Gass - PT, 14/11/2006)