Irã, desafiante, anuncia objetivo de instalar 60.000 centrífugas
2006-11-16
O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, anunciou na terça-feira à imprensa que o objetivo de Teerã é instalar 60.000 centrífugas, a fim de produzir combustível para as centrais nucleares civis, apesar da ameaça de sanções da ONU. "Queremos produzir combustível [nuclear]. É necessário, então, chegar a 60.000 centrífugas, estamos no começo do caminho", afirmou Ahmadinejad.
O Irã informou que prepara a instalação de 3.000 centrífugas em março de 2007, o que pressupõe um enorme passo adiante em relação aos grupos de 164 centrífugas que possui atualmente na usina de Natanz para enriquecer urânio em escala científica. "A questão da suspensão já foi superada", disse o presidente iraniano.
Os comentários do presidente reafirmaram a posição do Irã, que insiste em produzir seu próprio combustível nuclear em solo iraniano e em não renunciar a seu direito de enriquecer urânio, em meio ao temor do ocidente de que isto derive na fabricação de bombas atômicas.
"As grandes potências tentam impedir que nosso povo exerça seus direitos em matéria nuclear, mas com a ajuda de Deus e a resistência do povo, o Irã está dominando por completo o ciclo do combustível nuclear e o tempo joga a favor do Irã", insistiu Ahmadinejad.
Em suas declarações desta terça-feira, o presidente ultraconservador lembrou que descarta negociar com o Estado israelense. "Não estamos dispostos a negociar com o regime de ocupação", ressaltou, referindo-se a Israel, chamando-o de "ilegítimo". "Mas estamos dispostos a discutir com os Estados Unidos, com algumas condições. Desde que mudem de atitude", completou Ahmadinejad.
Apoiando-se nas palavras do presidente iraniano, o governo americano avaliou que o Irã acaba de esclarecer as dúvidas que alguns ainda tinham sobre as verdadeiras intenções da República Islâmica. "Isso deveria ser um alerta para o resto do mundo e deveria servir para convencer os que duvidavam de que o Irã quer fabricar armas atômicas", declarou em Washington o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.
(France Presse, 14/11/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u101840.shtml