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2006-11-14
O emprego de grandes quantidades de agroquímicos e as queimadas são dois impactos ambientais negativos que vão custar caro aos moradores dos municípios do norte e do noroeste capixaba. O temor é dos agricultores familiares em relação à de cana-de-açúcar. Prenunciam, ainda, o aumento do êxodo rural nas regiões, já dominadas por pastagens e pelo plantio de eucalipto.

O aumento dos plantios da cana-de-açúcar será realizado por empresas do grupo Infinity Bio-Energy, fundo criado por investidores americanos e britânicos. Serão construídas de duas novas usinas, em Mucurici e em Montanha. A estimativa inicial era para investimento US$ 240 milhões (R$ 504 milhões). Mas a empresa já planeja aumentar investir US$ 560 milhões (R$ 1,2 bilhão).

O grupo produzirá 600 milhões de litros de álcool e 350 mil toneladas anuais de açúcar, consumindo 10 milhões de toneladas de cana em cinco usinas no Brasil. Para abastecer suas usinas, o Espírito Santo terá que dobrar a área de plantio, hoje cerca de 60 mil hectares.

Cada usina no Espírito Santo deve moer 3 milhões de toneladas de cana na sua fase inicial. O anúncio da ampliação da produção de cana no Estado levou o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) a discutir o assunto nos seus grupos de base no norte e noroeste capixaba.

Dorizeti Cosme, um dos coordenadores do MPA, no Estado informou que 250 famílias já discutiram o que chamou de problema. O plantio de cana exigirá o emprego de grandes quantidades do que as empresas chamam de "defensivos agrícolas", na verdade agrotóxicos, e adubos.

O coordenador do MPA lista fungicidas, inseticidas e herbicidas, sem contar os adubos químicos, como o nitrogênio. Os insetos então irão fugir para os plantios de agricultura camponesa, como hoje ocorre com os plantios de eucalipto.

Também serão enfrentados os problemas causados pelas queimadas da cana. Haverá ainda grande consumo de água. No conjunto, os impactos ambientais serão de grande monta.

Como serão gerados poucos empregos para plantios tão grandes, haverá mais êxodo rural. Tudo isso, como lembra Dorizeti Cosme, em região já impactada pelas pastagens extensivas e por plantios de eucalipto. O dirigente do MPA afirma que todos os municípios do norte e muitos do noroeste, até Ecoporanga, serão prejudicados.

O MPA continua as discussões com seus grupos de base. A intenção é encontrar formas de enfrentar o novo problema na região, que é a intensificação dos plantios de cana e a instalação das duas novas usinas.

O Espírito Santo produz anualmente 250 mil metros cúbicos de álcool, aproximadamente o consumo estadual. A produção de açúcar é de milhão de sacas, ou cerca de 25% do que é consumido no Espírito Santo.

A área ocupada com plantios de cana deverá chegar a 120 mil hectares (atualmente são 60 mil hectares). Produzem açúcar e álcool do Espírito Santo as seguintes empresas: Lasa (em Linhares); Disa e Alcon (Conceição da Barra); Paineiras (Itapemirim); Albesa (Boa Esperança), e Cridasa (Pedro Canário).

O grupo Infinity Bio-Energy anuncia que aumentará a produção da Cridasa, onde é acionista. E que fará parceria com a Disa, de Conceição da Barra.
(Por Ubervalter Coimbra. Século Diário – ES, 13/11/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/novembro/13/index.asp

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