Empresas gaúchas buscam uso nobre para casca do arroz
2006-11-14
A Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec) pretende sofisticar o processo atual de quiema da casca de arroz e chegar a um aproveitamento mais nobre, como a obtenção de sílica. Atualmente, os resíduos têm sido sido utilizados por indústrias do setor arrozeiro apenas para gerar energia elétrica.
O estudos já estão sendo feitos, porém, de acordo com o gerente do departamento de engenharia de processos da entidades, Jorge Luiz Castellan, são necessários mais recursos e tempo para a viabilização. Ainda assim, as expectativas são positivas e espera-se que, em cinco anos, o Brasil já tenha exemplos reais de aproveitamento da sílica.
Um dos destaques da Cientec nesse sentido pe o seu processo de combustão, que ainda está em escala laboratorial e permite a queima da casca em temperatura controlada e em suspensão. Com isso, o processo por ser intensificado.
A cinza gerada a partir da queima da casca do arroz tem um alto teor de sílica e silício (sílica mais oxigênio). Uma das posibilidades comercias é a obtenção de macro-sílica, que, adicionado ao cimento, pode gerar um concreto de altíssima resistência. Outra alternativa é a sílica química, como aditivo de cimentos e concretos para obtenção de produtos super resistentes.
Dependendo do grau de pureza alcançado, é viável chegar a produtos ainda mais nobres, como a obtenção de silício grau solar para aplicações na confeccção de painéis de coletores solares e, ainda, o próprio silício eletrônico. "Este seria o suprasumo, mas ainda está muito distante. Entretanto, existem outras aplicações que dão valor comercial para as cinzas", avalia Castellan. Entre as possibilidades está a utilização da sílica para a indústria de vidros e silício grau metalúrgico para a composição de aços especiais.
Enquanto os projetos de extrair a sílica ainda estão restritos aos laboratórios, os de energia elétrica se intensificam. A indústria arrozeira Camil Alimentos vai inaugurar uma nova unidade de geração de energia elétrica no Rio Grande do Sul, na planta de Camaquã. A termoelétrica entrará em funcionamento nos próximos 18 meses, e terá capacidade de 3,5 MW. A outra geradora da companhia no Estado está localizada no município de Itaqui. Atualmente, da produção total, 22% resultam em casca, cuja queima gera energia. Pelos processos atuais da Camil, não é possível extrair sílica.
Pilecco quer diverisifcar atuação para agregar valor
O interesse em diversificar sua atuação e depender menos da atividade de risco das commodites, levou a Pilecco - indústria de arroz com matriz em Alegrete - a identificar novas tecnologias disponíveis no mercado. A ação vem sendo pensada há cerca de dez anos e a proposta sempre foi que o arroz pudese servir como matéria-prima para subprodutos de alto valor agregado. A empresa está em fase se avaliação da tecnologia e dos equipamentos disponpiveis para inciiar a produção de energia elétrica e de sílica.
A planta experimental projeta pela empresa consumirpa 186 toneladas por dia de biomassa residual. O projeto prevê uma geração de 5 MW nominal, mais produção garantida de 4 MW no início. Nesta etapa, utilizará 37,6 mil toneladas por anos de casca de arroz e gerará 35,6 mil MW/ano. A eletricidade gerada será utilizada na própria planta de processsamento de arroz e o restante comercializado.
Uma das possibilidades é a Pilecco utilizar o processo de combustão da Cientec. Recentemente foi assinado um acordo de cooperação entre a empresa e a entidade. A sílica é uma possibilidade, porém, a empresa está cautelosa. "Outros países não conseguiram fazer a extração da sílica natural e, por isso, temos que realizar esse trabalho aos pouco", defende o representante da empresa.
(Por Patrícia Knebel, Jornal do Comércio, 13/11/2006)
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