Dois grupos de famílias Pataxó Hã-Hã-Hãe retomaram, entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro, quatro fazendas no município de Pau Brasil, no sul da Bahia. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) informa que, hoje, já são mais de 40 famílias resistindo nas terras que fazem parte dos 54.100 hectares de território original do povo.
Passados 10 dias das retomadas, o administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda não se apresentou para tentar iniciar uma negociação com os fazendeiros. O cacique de um dos grupos, Nailton Muniz, foi a Ilhéus pedir providências do órgão. "O chefe do posto da Funai foi na retomada no primeiro dia acompanhar a retirada do gado da fazenda, mas depois, nunca mais. Também não atendeu aos nossos pedidos para dar um apoio, mandar uns alimentos. As pessoas estão passando fome. Desse jeito fica difícil resistir", indigna-se o cacique.
Até agora, os Pataxó Hã-Hã-Hãe não receberam nenhum pedido de reintegração de posse. Também não ocorreu nenhum conflito, apesar do clima tenso. A Polícia Federal esteve em uma das fazendas no dia 1º, acompanhando o filho do fazendeiro Tito Machado, que queria ter acesso à área.
Há 24 anos os Pataxó Hã-Hã-Hãe aguardam uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre uma ação de nulidade de títulos de terra que envolve as fazendas ocupadas, entre outras propriedades. "Fico muito preocupado, por que está lá para eles decidirem há tanto tempo e eles não decidem", lamenta o cacique Nailton.
As fazendas ocupadas ficam na região do Toucinho, que faz divisa com as antigas fazendas São Lucas, Paraíso, Milagrosa e outras áreas que os Pataxó Hã-Hã-Hãe ocupam há muitos anos.
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Adital, 14/11/2006)