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2006-11-14
O vaivém discreto de sofás, telas de computador se mexendo e persianas trepidantes assustaram moradores de Santo Ângelo no final da noite de domingo (12/11), nas Missões. Ao contrário do que condôminos de prédios pensaram, suas residências não estavam desmoronando, mas sentindo os reflexos de um terremoto ocorrido na Argentina. Tremor que se repetiu em pelo menos 17 cidades de cinco Estados e do Distrito Federal.

Perto das 23h30min, o chão tremeu em residências da área central e da zona norte de Santo Ângelo. O que provocou as vibrações foi a propagação de ondas sísmicas vindas da província argentina de Santiago del Estero. O terremoto foi de 6,7 graus na escala Richter, considerado forte, mas ocorreu em uma profundidade de 550 quilômetros da superfície da terra, o que reduziu o impacto.

No Conjunto Residencial Dr. João Braga de Abreu, no bairro Aliança, moradores apavorados desceram de seus apartamentos e chamaram os bombeiros. A guarnição recebeu cerca de 15 chamados de pessoas com medo de que suas moradias fossem cair. O prejuízo maior foi o susto. Houve quem não dormisse em casa de medo.

- Fugi de casa, dormi no meu filho. Estávamos sentados no sofá, e ele começou a chacoalhar. Achei que era um aviso de Deus. Meu coração ficou acelerado - contou a aposentada Adélia Spat, 82 anos.

Na manhã de ontem (13/11), a Secretaria de Obras do município vistoriou o conjunto residencial de seis blocos de quatro andares e 112 apartamentos. Não foram verificados estragos.

- Eles podem continuar aqui sem problema, não afetou a estrutura - disse o engenheiro Sérgio Karlinski.

No Edifício Del Rey, de seis andares, no Centro, as ondas sísmicas também foram percebidas. Assustados, parte dos moradores se reuniu no primeiro piso. Os tremores foram sentidos também em casas.

Ondas sísmicas são inofensivas
Reflexos de terremotos como os sentidos domingo em Santo Ângelo são inofensivos, conforme o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo Jesus Berrocal.

- Não derruba edifício, o que pode causar é uma tontura nos moradores - comenta.

O tempo de tremor percebido pode durar segundos, conforme o técnico em sismologia do IAG, José Roberto Barbosa. Além de Santo Ângelo, a trepidação foi sentida no Estado em Palmeira das Missões.

No Brasil, a situação foi a mesma no oeste de Santa Catarina e em áreas do Paraná, de São Paulo, de Goiás e de Brasília. De acordo com o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Vieira Barros, a proximidade com o epicentro de um terremoto é um dos fatores para as ondas serem percebidas, mas elas podem ser sentidas em distâncias maiores.

Em Palmeira das Missões, no norte gaúcho, a comerciante Noely Dalberto, 53 anos, se apavorou:

- Estava na loja, no segundo piso, mexendo no computador. Ele foi para frente e para trás. Minha cadeira tremeu.

Não foi a primeira vez
Em 1991, um terremoto também na província argentina de Santiago del Estero provocou reflexos em cidades brasileiras
No dia 23 de junho daquele ano, o movimento da terra ocorreu a 590 quilômetros da superfície, atingindo seis graus na escala Richter Não houve vítimas ou danos. Os tremores foram percebidos no Estado, no Paraná e em São Paulo
No Rio Grande do Sul, sentiram as vibrações moradores de Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Maria, Giruá e, como no domingo, em Santo Ângelo. Na cidade missioneira, as áreas afetadas foram as mesmas: Centro e Zona Norte. Como desta vez, foi só um susto
Em 23 de abril de 2000, um terremoto na mesma província argentina voltou a atemorizar moradores de Cruz Alta

Noite de vigília
Não chegou a haver pânico no Conjunto Residencial Dr. João Braga de Abreu, em Santo Ângelo. Mas o susto foi grande, e o medo fez os moradores descerem dos apartamentos enquanto esperavam pelos bombeiros. Móveis se movendo pela casa, persianas batendo levemente e uma sensação de que o chão faltava tiraram o sono de pessoas como a estudante de Geografia Kalin Tanara Henke, 22 anos.

No final da noite de domingo, Kalin digitava em seu computador um trabalho sobre o Aqüífero Guarani quando sentiu uma leve tontura. Achou que ia cair. Ajeitou a cadeira para a frente e para trás, acreditando que o móvel estivesse desequilibrado. Não adiantou. A cadeira começou a se mover para os lados. O marido percebeu o sofá balançando. Em seguida, a persiana tremeu.

- Foram segundos, mas fiquei arrepiada. Eu e meu marido descemos e ficamos com os vizinhos. Foram segundos, mas tinha um povo bem assustado - contou a estudante.

Num prédio próximo, a noite também acabou sendo de vigília para a técnica em segurança no trabalho Leandra Copetti Sisti, 35 anos. Ela assistia à TV deitada - enquanto o marido, o filho e a mãe dormiam - quando notou a cama e o marido se mexendo. Vestiu o roupão e, sem acordar a família para não assustá-la, desceu para saber o que estava acontecendo.

Com os vizinhos, ficou de vigília, aguardando a chegada dos bombeiros. Passados uns 20 minutos, ficou combinado que ninguém fecharia as grades de ferro do edifício, para o caso de o fenômeno se repetir e ser preciso evacuar o prédio:

- Moramos no quarto andar. Fiquei preocupada. Se alguém percebesse alguma coisa, daria o sinal de alerta para todos.

Nenhum outro tremor foi percebido. Mas ninguém dormiu tranqüilo no bairro Aliança.

O que as pessoas disseram
André Luiz Freitas da Silva, estudante de História
"Assistia a um filme quando o sofá se movimentou e o vidro tremeu. Deu um segundinho e começou de novo. A gente até chega a pensar em bobagem, que é coisa de outro mundo."

Caio Castanho Valadão, 12 anos, estudante
"Eu estava mexendo no computador, e a mesinha começou a andar. Fiquei meio tonto. Minha mãe cochilava no sofá e disse para mim: 'pára de chacoalhar o sofá'. Fiquei com medo. Nem queria dormir."

Lia Salete Lopes, professora aposentada
" Eu estava no quarto assistindo a um filme na TV quando as persianas começaram a bater. Tremeu a cama, mas principalmente as persianas. Eu sabia que não tinha previsão de tempestade. Há uns anos aconteceu a mesma coisa."

Iane Turcato, 43 anos, comerciária
"Eu estava deitada e senti que a cama se mexeu. Foram segundos. Anos atrás, isso já tinha ocorrido. Deduzi que era um tremor, então não fiquei com medo."

Para seu filho ler
No Brasil, não existem pontos na terra que possam causar terremotos. No domingo à noite, a terra tremeu na Argentina. Como quando se joga uma pedra na água, as ondas desse terremoto foram se espalhando e chegaram até Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, em mais cinco Estados e no Distrito Federal. Ninguém se machucou. Alguns móveis sacudiram, assim como janelas e persianas. Na Argentina, como a terra tremeu muito embaixo da terra e não havia construções altas no principal ponto do terremoto, nada aconteceu também. Muita gente nem notou. No Brasil, foi só um susto.

Um susto que veio da Argentina
A origem do tremor que repercutiu pelo Estado e assustou os moradores de Santo Ângelo é uma pequena localidade de 20 mil habitantes no sudoeste da província argentina de Santiago del Estero. Em Añatuya, a mil quilômetros da capital Buenos Aires, os efeitos teriam sido pouco percebidos devido ao fato de a cidade estar em uma área agrícola, dedicada à produção de milho e soja, e não contar com prédios altos ou com uma grande zona urbana. Na capital da província localizada no noroeste da Argentina, na cidade também chamada Santiago del Estero, o tremor não foi sentido. A paisagem plana da província está entre 300 e 180 metros acima do nível do mar. As cidades mais importantes, além da capital, são La Banda, Frías, Las Termas de Río Hondo e Añatuya. Cerca de 800 mil argentinos vivem na província, que tem como atividade principal a produção rural. Em nenhuma das localidades foram registrados estragos ou feridos.

O terremoto da Argentina se propagou de tal forma que foi sentido na capital paulista. A Defesa Civil da cidade registrou pelo menos 20 ligações de moradores. Outras municípios do Estado, como Americana, Indaiatuba e Campinas, também sentiram o terremoto. Em Campinas, moradores de oito bairros perceberam o fenômeno. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Sidnei Furtado Fernandes, todas as residências foram vistoriadas, sem problemas na parte estrutural:

- Foi mais um susto mesmo. Em junho de 2005 tivemos reflexo do terremoto no Chile.

O terremoto no norte do Chile, em Tarapacá, no dia 13 de junho do ano passado, foi sentido nas regiões Sul e Sudeste, além do Distrito Federal. Em 25 de setembro, foi a vez de moradores de Amazonas e de Rondônia sentirem um novo abalo. Cidades de Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal também sentiram reflexos do terremoto.
(Por Silvana de Castro, Zero Hora, 14/11/2006)

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