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2006-11-13
A redução da velocidade de circulação nas estradas é uma das maneiras mais eficazes de reduzir as emissões poluentes nos transportes, área prioritária para Portugal cumprir os seus compromissos ambientais, apontou o presidente do Instituto do Ambiente. António Gonçalves Henriques, que falava em Lisboa num seminário sobre transportes e qualidade do ar, disse à Lusa que o sector dos transportes urbanos e de mercadorias "é prioritário", uma vez que é o principal responsável pela emissão de poluentes, dentro da área do consumo de energia.

"O controlo de velocidade vai ter que ser reforçado, temos de agir nesta área", defendeu o presidente do Instituto do Ambiente, que acrescentou que a velocidade média ideal de 118 quilómetros por hora nas auto-estradas é geralmente excedida. Segundo Gonçalves Henriques, a um aumento de dez por cento na velocidade de circulação corresponde um acréscimo de 20 por cento na emissão de dióxido de carbono e outros gases poluentes responsáveis pelo efeito de estufa.

Além da aposta nos transportes públicos, Gonçalves Henriques apontou ainda outras soluções para reduzir a utilização dos automóveis nas deslocações, como a criação de uma "bolsa de troca de habitações", em que as pessoas poderiam mudar de casa de acordo com a proximidade do seu emprego. O desenho das cidades deve favorecer a concentração de pessoas e serviços, afirmou, criticando nomeadamente a construção de centros comerciais fora da malha urbana, onde só se chega com o recurso ao transporte automóvel.

O presidente do instituto lembrou que Portugal está integrado no Protocolo de Quioto, que estipula uma redução de cinco por cento nas emissões de gases com efeito de estufa em relação a 1990 até 2010. Estes gases incluem o dióxido de carbono (responsável por quatro quintos dos efeitos totais dos poluentes), o metano e o óxido nitroso.

Sector da energia é responsável por 72,2 por cento das emissões. Em Portugal, o sector da energia é responsável por 72,2 por cento das emissões poluentes e, dentro deste, os transportes têm a maior percentagem, com 23,8 por cento, repartindo o total com sectores como a indústria.

Pela parte dos operadores de transportes, as preocupações com o desempenho ambiental concentram-se para já na renovação de frotas, uma vez que os combustíveis alternativos ainda não são aplicados em grande escala, como explicou Fonseca Nabais, da Carris. "Nos transportes estamos muito dependentes do petróleo e não há alternativas a curto prazo. A solução é saber usar a energia eficientemente e renovar as frotas para minimizar a poluição atmosférica", afirmou o responsável da Carris.

Fonseca Nabais considerou que o diesel vai continuar a ser dominante no sector dos transportes urbanos, mas salientou que o biodiesel, "produzido a partir de um combustível renovável, retirado do girassol", vai ser cada vez mais aplicado. O mesmo responsável referiu ainda a célula de combustível eléctrica como meta ideal para utilizar no futuro, mas ressalvou que ainda é muito caro aplicá-la em larga escala.
(Ecosfera, 10/11/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5763.asp

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