Canadá terá de explicar à ONU as suas razões para ter abandonado Kyoto
2006-11-13
Esta será uma semana difícil para Rona Ambrose, ministra canadiana do Ambiente, que terá de explicar melhor à ONU, na conferência internacional sobre alterações climáticas em Nairobi, porque razão o país abandonou o Protocolo de Kyoto que prevê a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
O Governo conservador minoritário, que diz que o Canadá não poderá cumprir as reduções de emissões exigidas por Quioto, propôs a 19 de Outubro uma legislação para a qualidade do ar que ignorou o protocolo e prometeu impor cortes obrigatórios apenas em 2020-2025.
Ambrose, partidos da oposição e organizações ambientalistas voaram hoje até Nairobi para a conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas onde se vai tentar encontrar um sucessor para Quioto, cuja primeira fase termina em 2012. Os países signatários do protocolo estão reunidos na capital do Quénia para duas semanas de trabalhos.
Na semana passada, Ambrose provocou a irritação de alguns delegados ao não estar presente na abertura dos debates, tendo enviado apenas um vídeo com as suas declarações.
Os partidos da oposição pedem ao primeiro-ministro canadiano Stephen Harper para “mudar um curso que é um desastre para o nosso ambiente, para a política externa e um sinal da nossa desresponsabilização pelo mundo”, disse o líder liberal Bill Graham.
Os três partidos da oposição no Canadá têm uma maioria dos assentos no Parlamento e todos enviaram delegados a Nairobi para criticar a política de Ambrose. Por seu lado, os conservadores – no poder desde Janeiro – dizem que os liberais são hipócritas porque nunca fizeram nada por Quioto desde que venceram as eleições em 1993.
“Agora querem ir até Nairobi e forçar-nos a comprometermo-nos com ainda mais objectivos, quando ainda estamos à espera para ver o seu plano, depois de 13 anos”, comentou Harper. Quioto comprometia o Canadá a reduzir as suas emissões em seis por cento, a níveis de 1990, até 2012. Actualmente, as emissões estão 35 por cento acima desse objectivo. Ambrose diz que o Canadá precisa de uma abordagem diferente às alterações do clima mas nega que vai seguir o Presidente George W. Bush e rejeitar completamente Quioto.
Uma sondagem da Canadian Broadcasting Corp divulgada na semana passada revelou que o Ambiente surge em segundo lugar, a seguir aos cuidados de saúde, na lista das prioridades dos canadianos. Quase três quartos dos inquiridos dizem que o Governo não está a fazer o suficiente para combater as alterações climáticas.
(Ecosfera, 11/11/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5773.asp