Crescimento das emissões de CO2 está fora de controle, avalia estudo
emissões de co2
2006-11-13
O aumento nas emissões globais de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis foi quatro vezes maior nos últimos cinco anos do que nos dez anos anteriores. É o que constata um estudo que expõe os principais defeitos nas tentativas de se conter o aquecimento global.
Dados mostram que as emissões de carbono cresceram 3,2% em todo o mundo de 2000 a 2005, comparado com 0,8% entre 1990 e 1999, apesar dos esforços para se reduzir a poluição do carbono liderados pelo Protocolo de Kyoto. A expansão da economia chinesa é apontada como uma das causas desse aumento, pois o país utiliza pesadamente carvão e outros combustíveis fósseis em sua matriz energética.
Mike Raupach, chefe do Projeto Carbono Global, uma colaboração internacional de pesquisadores, alertou que as emissões dos principais gases que contribuem para o aumento do efeito estufa estão totalmente fora de controle. "É um sinal muito atormentador. Ele indica que os recentes esforços para reduzir as emissões, virtualmente, não têm nenhum impacto no crescimento das emissões e que atitudes mais efetivas são urgentes e necessárias", disse Raupach.
Os níveis atuais de dióxido de carbono na atmosfera estão em 380ppm (partes por milhão), cerca de 100ppm a mais do que no antes da Revolução Industrial – há 200 anos. Alguns modelos computacionais já prenunciam que as mudanças climáticas serão irreversíveis caso os níveis ultrapassem 450ppm ou 500ppm.
A velocidade com que as emissões de carbono vêm aumentando nos últimos cinco anos sugere que daqui a pouco será impossível escapar de um cenário trágico, diz Josep Canadell, diretor executivo do Projeto Carbono Global. "No atual curso das coisas, teremos dificuldades para estabilizar as emissões em 450ppm. Mesmo em 550ppm será desafiador", avalia.
Com base na tendência atual, as concentrações de carbono devem chegar a 500ppm neste século. A última vez que isso aconteceu foi há cerca de 20 ou 40 milhões de anos, quando o nível do oceano estava 100 metros acima do atual.
Cientistas alertam que as temperaturas ao redor do mundo irão continuar a subir por muitas décadas depois que as concentrações de carbono estiverem estabilizadas, devido à inércia ambiental do sistema climático mundial.
“Isso não é o que queremos ver. A preocupação existe porque, pela magnitude das emissões atuais, será difícil reduzi-las no futuro”, diz Peter Falloon, cientista do Met Office's Hadley Centre. “Levará 30 ou 40 anos para percebermos mudança nas emissões de carbono. Isso anuncia o quão importante é tomar ações rápidas e efetivas agora”.
(Por Sabrina Domingos, CarbonoBrasil com informações do The Independent, 12/11/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=16067&iTipo=5&idioma=1
http://news.independent.co.uk/environment/article1963236.ece