Ver pelo alto as feridas da Amazônia já não é mais exclusividade de pesquisadores. Com a popularização de páginas na Internet e programas de imagens de satélite, já é possível a qualquer pessoa fiscalizar a quantas anda o avanço de madeireiras, pecuaristas e sojicultores sobre a maior floresta tropical do mundo. Além de bem difundidos entre os internautas, esses programas são de fácil utilização.
O mais popular desses softwares é o
Google Earth, da empresa norte-americana Google. Ele pode ser baixado gratuitamente e possibilita, inclusive, ver detalhes do relevo em três dimensões. Em alguns lugares especiais, é possível chegar tão perto que dá para ver veículos e casas. Para quem não quer instalar o programa, é possível ver as mesmas imagens por meio da página
maps.google.com.
A Microsoft também oferece um serviço semelhante, o Visual Earth, na página
local.live.com. Nele, não se consegue uma aproximação tão grande quanto no Google, mas é possível que sejam sobrepostos mapas políticos e imagens de satélite, fazendo com que apareçam detalhes sobre estradas, cidades e divisões territoriais.
No Brasil, a Embrapa possui a página Brasil Visto do Espaço, disponível no endereço
www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br, que tem menos funcionalidades que as páginas anteriores, mas é em português e tem uma busca por municípios.
Devastação vista do céu
A reportagem solicitou a Ariovaldo Umbelino, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas na questão fundiária da Amazônia, que indicasse os cinco pontos mais críticos de desmatamento da região. Os locais apontados foram: a Terra do Meio, no centro do Pará, a rodovia Cuiabá-Santarém, o extremo norte do Mato Grosso, a margem esquerda do rio Amazonas, próximo a Santarém (PA), e a Rodovia BR-319, no Sudoeste do Estado do Amazonas.
Segundo Umbelino, os principais motores do desmatamento na Amazônia são as madeireiras, que destroem a floresta, os pecuaristas, que ocupam o lugar deixado pelas madeireiras, e os grileiros de terras, que tomam para si as terras que pertencem ao Estado ou a pequenas populações locais.
O professor ressalta que esse processo não ocorre somente na Amazônia: "Hoje, no Brasil, há quase 200 milhões de hectares de terras cercadas e não pertencem a quem cercou. E grande parte disso nem está na Amazônia".
Outro fator de desmatamento é a pressão que a cultura de grãos, principalmente a soja, está exercendo sobre os pecuaristas. Com o avanço do agronegócio, criadores de gado abrem cada vez mais espaço sobre a floresta. Em alguns casos, é a própria cultura da soja que surge na linha de frente do desmatamento, como acontece nas proximidades de Santarém (PA).
Clique
aqui para ver as imagens dos cinco locais apontados por Umbelino, captadas pelo programa
Google Earth.
(Por Iberê Thenório,
Agência Carta Maior, 11/11/2006)