A principal unidade da Aracruz, composta por três fábricas no município de mesmo nome, no Litoral Norte do Espírito Santo, servirá de modelo aos projetos da empresa no Rio Grande.
Tanto a ampliação da fábrica de Guaíba (RS), quanto a unidade a ser construída, totalmente integradas, deverão seguir o modelo capixaba de interação com outros setores, como o moveleiro, por exemplo. Conforme o diretor de Operações da empresa, Walter Lídio Nunes, a idéia é atrair novos empreendimentos na esteira dos projetos da Aracruz, fornecendo matéria-prima para a produção de móveis.
Nunes estima que a planta de Guaíba, prevista para entrar em funcionamento entre 2010 e 2015, aliada aos novos plantios de eucalipto, gere cerca de 12 mil empregos diretos e indiretos no Estado.
Serão investidos US$ 1,2 bilhão na nova linha de produção ampliando a atual capacidade de 430 mil toneladas anuais para 1,730 milhão de toneladas chegando perto da produção da unidade do Espírito Santo, que é de 2,1 milhões toneladas/ano.
Nunes ainda confirmou os planos da empresa de construir pelo menos mais três fábricas no país, além dos projetos em andamento. Perguntado se alguma delas pode parar no Estado, tergiversou: “Pode ser, pode ser em qualquer lugar do Brasil ou até no Exterior”.
Hoje a Aracruz possui mais de 260 mil hectares de eucaliptos próprios e conta com outros 80 mil hectares plantados por fazendeiros através do programa Produtor Florestal nos Estados que atua.
Guerra
O que a Aracruz não deseja trazer para o Rio Grande do Sul é a
guerra que enfrenta no Espírito Santo. Em setembro, tupiniquins e descendentes de guaranis originários do RS atearam fogo em parte da plantação de eucalipto da empresa.
O prejuízo foi grande e ajudou a arranhar ainda mais a imagem da empresa junto ao crescente movimento contra o plantio de eucaliptos em solo gaúcho.
O incêndio foi justificado pelos índios em razão da demora na demarcação de mais 11 mil hectares dos domínios da empresa. Nas mãos, um estudo antropológico da Funai indicando que aquelas terras pertenciam a seus ancestrais.
Por outro lado, a empresa apresenta documentos que resgatam a história do uso do solo na região, nas décadas de 50 e 60, apontando que as áreas encontravam-se, na ocasião, desmatadas por ciclos econômicos, como café e madeira, e sem vestígio de aldeias tradicionais na região de Aracruz.
De acordo com Nunes, muitas décadas antes da chegada da empresa ao Estado já não existiam tupiniquins na área pleiteada, e os guaranis são oriundos do Sul do país. O fato é que o imbróglio está longe de terminar, já que espera uma resolução do Ministério da Justiça.
Portocel
Na sexta-feira (10/11) a Aracruz apresentou a um grupo de jornalistas do Rio Grande do Sul o Portocel. Trata-se de um terminal portuário de sua propriedade em conjunto com a Cenibra, no município de Barra do Riacho, próximo as suas fábricas e é o único do Brasil especializado na movimentação de celulose e madeira. Por lá a empresa embarcou em 2005 quase quatro milhões de toneladas de celulose e cerca de um milhão de toneladas de madeira.
Viveiro
O viveiro de mudas da Aracruz no Espírito Santo produz 40 milhões de mudas por ano numa área de 32 hectares também próxima a fábrica, além de mais três outros comunitários na Bahia (Ibirapuã e Aparaju) e Espírito Santo (Conceição da Barra).
É por meio destes viveiros tocados em parceria com a comunidade e prefeituras locais que são fornecidas mudas de nativas para restauração de faixas ciliares e áreas de reserva legal.
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(Por Carlos Matsubara, AmbienteJÁ, 13/11/2006)