Associações entre aranhas Salticidae e Bromeliaceae: história natural , distribuição espacial e mutualismos
2006-11-13
Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2005
Autor:Gustavo Quevedo Romero
Resumo:
O entendimento das interações entre artrópodes e plantas tem crescido
consideravelmente nos últimos poucos anos. Embora as aranhas estejam entre os grupos de
artrópodes mais abundantes e constituam as principais guildas de predadores sobre a
vegetação, poucos estudos envolvendo aranhas e plantas foram desenvolvidos. Aqui,
reportamos um conjunto de informações mostrando que algumas espécies de salticídeos são
estritamente associadas com Bromeliaceae em várias fitofisionomias sul-americanas,
incluindo cerrados, florestas semidecíduas e sazonais, vegetação de dunas costeiras,
restingas, afloramentos rochosos, florestas de altitude, chacos e florestas ombrófilas densas,
em várias localidades do Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina. Enquanto algumas espécies
de aranhas foram especialistas, ocorrendo quase exclusivamente em uma única espécie de
planta hospedeira (e.g., Psecas chapoda sobre Bromelia balansae), outras foram
generalistas e habitaram até 7-8 espécies de bromélias. Geralmente, as aranhas habitaram e
selecionaram as bromélias maiores e/ou aquelas com arquitetura natural (e.g., simulação de
inflorescência ou inclusão de folhas secas no centro da roseta). Portanto, as aranhas podem
avaliar, em detalhes finos, o estado físico dos seus microhabitats. Bromélias podem muitas
vezes fornecer microhabitats apropriados específicos para salticídeos. Suas folhas formam
uma arquitetura tridimensional complexa (roseta), que pode ser usada por adultos e
imaturos como abrigo contra predadores ou condições climáticas severas, como sítios de
forrageamento, acasalamento e de oviposição, e como berçários para as recém emergidas
das ootecas. Em troca, as aranhas contribuíram para a nutrição das bromélias. Usando
métodos isotópicos (15N), nós verificamos que P. chapoda contribuiu com até 40% do N
total de B. balansae no campo. Entretanto, os efeitos benéficos das aranhas foram
enfraquecidos onde estas ocorreram em baixa abundância, e a condicionalidade foi gerada
pela variação especial na densidade de aranhas.