Pesquisadores de Santa Catarina buscam destino para resíduos de ostras
2006-11-13
O Brasil produz mais de 2 mil toneladas de ostras por ano. Entretanto, depois de consumida a ostra, a maior parte das conchas descartadas é jogada em terrenos baldios ou no fundo do mar, provocando impactos nesses ambientes. Para encontrar formas de aproveitamento das conchas descartadas, está sendo desenvolvido em Santa Catarina o projeto Valorização dos resíduos da maricultura, que é a criação de frutos do mar, como mariscos e camarões, por exemplo.
O pesquisador Fernando Sant'Anna, um dos coordenadores do projeto, diz que, além de proporcionar benefícios ao meio ambiente, o aproveitamento das conchas pode trazer uma nova fonte de renda aos maricultores.
"O objetivo é valorizar os resíduos da maricultura na região do Ribeirão da Ilha, que é o grande produtor de ostras de Santa Catarina, além de avaliar os impactos ambientais desse descarte indevido", afirma.
Apenas em Ribeirão da Ilha, maior região produtora do marisco no estado, estimam os responsáveis pelo projeto, são geradas cerca de 16 toneladas de conchas por mês, quantidade que pode triplicar no verão. O acúmulo das conchas no fundo do mar pode tornar as baías mais rasas e, assim, impedir a circulação de água, prejudicando a própria maricultura, que necessita de água limpa.
No caso dos resíduos descartados em terrenos baldios, a matéria orgânica pode atrair roedores e outros vetores de doenças, alertam.
As conchas poderiam ser reaproveitadas pois, de acordo com Fernando Sant'Anna, 80% de sua massa é composta por carbonato de cálcio (CaCO3), matéria-prima utilizada na fabricação de produtos como complementos alimentares, plásticos, cerâmicas, ração animal e cal para construção civil.
O reaproveitamento das conchas não é algo novo. Sant'Anna explica que antigos moradores do litoral catarinense aqueciam conhas com fornos rudimentares, chamados de caieiras, para transformá-las em cal, daí o nome de alguns lugares da Ilha de Santa Catarina, como Caieira da Barra do Sul e Caieira do Saco dos Limões.
O projeto, que tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), envolve dois alunos de graduação, dois de pós-graduação, uma pesquisadora e quatro professores - dois da Universidade Federal de Santa Catarina e dois da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).
(Por Gabriella Noronha, Agência Brasil, 12/11/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/11/12/materia.2006-11-12.0768553581/view