Água em Cuiabá tem qualidade, mas produto final traz doenças
2006-11-13
Na natureza, ainda não falta água aqui. A abundância é garantida pelo rio Cuiabá. A captação também não é problema. De acordo com a Sanecap, se dá em cinco pontos. Nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), que são seis, ao final do processo de depuração, o que se tem, de acordo com pesquisas da UFMT, é um produto de ótima qualidade. Mas correndo pelo sistema, a água tanto se perde em trechos de ruptura – uma quantidade que daria para abastecer outra Cuiabá e meia – como também se contamina, principalmente com coliformes fecais.
O sistema arcaico compromete a qualidade e a quantidade da água distribuída e isso gera um problema de saúde pública. Além de levar doenças consigo – sabendo que 80% das mais recorrentes enfermidades no Brasil são de veiculação hídrica - o fluxo restrito impede ainda que seja feita adequada higiene pessoal, por exemplo. Além disso, conforme o especialista da UFMT, José Carlos de Musis, isso interfere no tempo médio de existência das pessoas, cujos organismos ficam desgastados de tanto enfrentar viroses – essas muitas que são rotineiras aqui e que nenhum médico dá jeito – tem que esperar uns sete dias. “Então tem a ver com qualidade de vida”, pontua Musis.
Quem pensa que na época de chuva a situação melhora, se engana. É quanto os eventos naturais provocam a quebra de equipamentos eletromecânicos. Se não é a chuva, é o vandalismo. Na residência da dona de casa Ana Alice Maria Querioz, no residencial Ana Maria, quase toda semana são de três a quatro dias sem água. “Eles roubam os fios todos”, irrita-se.
“Quer saber como é o sistema de abastecimento de água em uma cidade, observe quantas empresas investem nisso. Aqui são oito marcas, além das importadas, como a francesa Perrier”, observa Musis. “Fora daqui não tem esta cultura de comprar galão, nas instituições públicas, em casa...” Para ele, o projeto de abastecimento de água em Cuiabá é ultrapassado e não acompanhou o crescimento da cidade.
(Diário de Cuiabá, 12/11/2006)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=271494