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2006-11-13
Um sistema de distribuição de água arcaico impõe o regime de racionamento a 200 mil pessoas que vivem na quente Cuiabá, ou seja, 40% da população não recebe diariamente em casa o produto vital.

O racionamento, conforme admite a Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), significa oferecer água apenas dia sim e outro não e, na pior das hipóteses, fazê-la chegar aos terminais das residências por somente algumas horas. E ainda abastecer alguns pontos da cidade com um jorro minguado, sem força suficiente para subir até a caixa. A população se vira, porque ninguém vive sem água.

Em localidades de clima ameno são necessários em média 120 litros por dia per capita. Aqui, mais do que o dobro disso (250). A cabeleireira Valquíria Francisca Moraes, 33 anos, dona do pequeno salão Valquíria, no bairro Nova Conquista, na região do Grande CPA, já aprendeu a lidar com a situação. Planeja o uso de acordo com o racionamento. Comprou um reservatório e uma bomba. Por conta própria, resolveu o problema.

E o racionamento não é drama apenas na periferia. No bairro Boa Esperança, de classe média alta, na região do Coxipó, as casas em geral são grandes, têm piscina, jardim, animais. O consumo é elevado. E a quantidade de água que chega, quando chega, não tem sido o suficiente. “Eu me preocupo todo dia com isso, se vai ter ou não vai ter água em casa. E tenho ligado o motor (bomba) todos os dias, para garantir que a caixa encha”, reclama a dona de casa Denise Galvão Patriota Leite, 50 anos, que vive, com o marido e dois filhos adultos. A família, contabiliza ela, precisa de pelo menos mil litros por dia. “Já tive que jogar água da piscina para a caixa”, conta. Além de achar a quantidade insuficiente, Denise critica ainda a qualidade. “Sempre suja, escura, barrenta”.

Para resolver a questão, que é coletiva, seriam necessários de imediato US$ 2 milhões, conforme estimativa levantada pelo Departamento de Engenharia Sanitária da UFMT. Muito dinheiro. E mais US$ 100 milhões a longo prazo. É uma ação de alto de custo.

O engenheiro civil José Carlos de Musis, mestre em Sistema de Abastecimento de Água, leciona na UFMT justamente sobre isso. Fala sobre o assunto todos os dias. Conhece profundamente o modelo de Cuiabá e garante que, em diversos pontos, a idade das tubulações já venceu há mais de 10 anos. “Há algumas tubulações em Cuiabá de até 50 anos, enquanto que o tempo de uso razoável não passa de 40”, pondera o professor. Isso faz com que, entre as estações de tratamento e as residências, o produto se perca por aí. A Sanecap enxerga que pelo menos 300 quilômetros de tubos têm idade já vencida, numa rede de 2 mil quilômetros.

O desperdício provoca o racionamento. E para a UFMT a perda é de 55%, uma marca recorde, que só vem crescendo, por falta de investimentos devidos. Para a Sanecap, não é de muito menos que isso (49%).

Especialistas da Universidade atribuem o desperdício ao sistema obsoleto. A Companhia leva isso em conta, mas também as instalações precárias nas residências. “Imagine o nosso corpo, que é um sistema hidráulico com bombeamento de sangue. Se a gente corta uma, duas, várias veias, o que acontece? Morte. É a mesma coisa no sistema de distribuição de água. Além das perdas no caminho, tem gente que não tem nem bóia e deixa a água vazar toda vida”, lamenta o engenheiro Édio Ferraz, diretor Técnico da Sanecap.

A situação caótica - apesar de a água ser um produto básico e seu fornecimento, serviço essencial - não há um ministério que trate do assunto e, tanto para o professor, quanto para o engenheiro, recursos insuficientes e paliativos pingam em conta gotas.
(Diário de Cuiabá, 12/11/2006)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=271493

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