Em encontro com sociedade civil, governo reafirma taxa de desmatamento
2006-11-13
O ministério do Meio Ambiente reuniu-se na última quinta-feira (9/11) com entidades socioambientais para fazer a avaliação dos dados do desmatamento 2005/2006. A reunião de avaliação aconteceu em atendimento a compromisso assumido pela ministra Marina, em 26/10, em encontro no MMA, logo após anúncio das taxas de desmatamento pelo Planalto.
O INPE apresentou os resultados da análise de 120 imagens já processadas (o anúncio dos 13.100 km2 se deu com base em 34 imagens analisadas). Para o representante do Instituto - que reconheceu ter chegado a temer pela confiabilidade do número divulgado (13.100 km2) -, o dado anunciado é confiável. Análises internas realizadas depois do anúncio levam à conclusão de que a variação da estimativa divulgada será de, no máximo, 4% em relação à de 2005 e de 5% sobre a de 2006.
O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, apresentou gráficos e tabelas, com dados de 2005, para demonstrar que a queda do desmatamento não se deu em função da crise do agronegócio. Entretanto, terminou por concordar com técnico do próprio ministério, que há sim uma forte correlação entre agronegócio e desflorestamento (de até 90%, segundo aquela secretaria).
O Instituto Socioambiental (ISA) considerou que seria mais relevante ter uma apresentação da ações do plano de combate ao desmatamento, do que a ênfase dada pelo Secretário aos números, gráficos e tabelas sobre o setor agropecuário. O ISA ainda considerou necessário identificar e superar os problemas nos demais setores, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, e não apenas fazer análises de dados da área ambiental.
Por sua vez, Amigos da terra - Amazônia Brasileira reconheceu a legitimidade do entusiasmo do secretário sobre os números apresentados, mas considerou sua análise parcial e impregnada de um otimismo um tanto exacerbado. "O tom da apresentação poderia ser interpretado pelos ministérios parceiros como a confirmação da conquista de uma tendência irreversível, o que não guarda correspondência com a realidade", ponderou o representante de Amigos da Terra, Mario Menezes. Também considerou que a redução do desmatamento se deve à conjugação do esforço governamental com a crise do agronegócio, e que não é possível antever o que poderá acontecerá com as taxas anuais, quando as dificuldades atuais da agricultura forem superadas ou atenuadas. Menezes ressaltou, ainda, o "vazamento" de desmatamento para áreas de ocupação consolidada, a exemplo do Maranhão e Tocantins. Nesses locais, o desmatamento foi pequeno em termos relativos, mas de grande significado para estados onde já não há quase o que desmatar.
Ao final do evento, a ministra Marina Silva manifestou sua satisfação em estar conseguindo o que os governos anteriores não lograram, mas ressaltou que preferiria ver esse esforço elogiado em público e criticado, em particular, diretamente a ela e à sua equipe. Capobianco informou que será realizada, brevemente, uma avaliação do Plano de Ação e Combate ao Desmatamento. Essa notícia foi bem recebida pelas entidades da sociedade civil, que esperam seja ela realizada ainda este ano.
(Amazonia.org.br, 10/11/2006)
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=226256