O 1º Seminário Interestadual Santa Catarina e Rio Grande do Sul voltado ao Programa Pró-Rio Uruguai e Aqüífero Guarani foi realizado na última quinta-feira (9/11), em Chapecó. O evento contou com a presença do vice-presidente da Assembléia Legislativa, deputado Herneus de Nadal (PMDB), do secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, Sérgio Silva, do secretário de Desenvolvimento Regional de Chapecó, Hélio Francisco Dalpiva, do secretário-executivo do Programa de Preservação da Bacia do Rio Uruguai e Aqüífero Guarani no Rio Grande do Sul, João Manoel Bicca, do engenheiro agrônomo Celso Zarpellon, do biólogo Newton Marcelino, e do reitor da Unochapecó, Gilberto Agnolin, entre outros representantes de entidades ligadas ao projeto.

A Bacia do Rio Uruguai e o Aqüífero Guarani estão extremamente ligados, com seus 1,5 milhão de quilômetros quadrados. O aqüífero é a maior reserva subterrânea de água doce da América do Sul, e está entre as maiores do planeta. Sua extensão, de 2.200 quilômetros, abrange Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, porém seu maior volume, 840 mil quilômetros quadrados, está situado no Brasil. Com a missão de preservar esses recursos naturais, o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai e Aqüífero Guarani busca, através de seminários e palestras, educação ambiental para mostrar à sociedade a importância de sua preservação.

Durante o seminário, foi apresentado o Projeto Meu Lugar, além de serem realizadas três palestras com o intuito de explicar e conscientizar o funcionamento dessas reservas naturais. Dalpiva abriu os trabalhos informando que em maio deste ano foi firmado um contrato entre os governos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul viabilizando 1,2 milhão de dólares para ser investidos no programa.

De acordo com Zarpellon, o Projeto Meu Lugar foi criado para combater o mau uso da água, que cresce diariamente trazendo sérias conseqüências. Trata-se de uma iniciativa do governo de Santa Catarina e conta com o apoio da Fatma, Epagri, Cidasc, Casan, Amosc (Associação dos Municípios do Oeste de SC), Fundemo, Projeto Iberê, Verde Vida e Unochapecó. “Queremos unir o resultado de cada uma dessas entidades e transformar em uma grande potência, agilizando um trabalho em rede e adquirindo mais credibilidade para que o resultado final seja positivo. Diante deste contrato vamos implantar um Plano Diretor, pois o interesse pela causa é grande e a participação da população é fundamental, além da iniciativa do governo”, frisou.

O projeto busca identificar os problemas não apenas ambientais, mas mercadológicos, visando à economia social e cultural com a elaboração de novos projetos de interesses regionais. “Se o trabalho for realizado com conscientização, inúmeras áreas serão contempladas, entre elas saúde, educação, meio ambiente, agricultura, segurança pública, economia, infra-estrutura, assistência social e cultural”, afirmou Zarpellon. A palestra sobre o “Programa de Preservação da Bacia Hidrográfica e Preservação do Rio Uruguai e Aqüífero Guarani – Santa Catarina”, proferida por Marcelino, procurou esclarecer a realidade enfrentada diante do racionamento de água. “Vivemos em um planeta onde 97% da água é salgada, restando apenas 2,5% de água natural aproveitável para o consumo. A falta de água é uma questão mundial, por isso, é preciso buscar caminhos para se explorar de forma consciente a água armazenada no aqüífero”, revelou.

O biólogo fez questão de ressaltar ainda que o uso do solo está sendo indevidamente usado e interferindo na qualidade da água do aqüífero através do lixo, esgoto, entre outros fatores que comprometem essa estrutura. “Um estudo feito pela Unochapecó comprovou que os poços da região Oeste já estão sofrendo contaminação. É preciso articulações para que nos próximos anos o trabalho seja realizado com sucesso”, argumentou.

Para falar sobre o “Programa de Preservação da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai e Aqüífero Guarani – Rio Grande do Sul”, o secretário Bicca apresentou um vídeo contando a história do rio através de depoimentos da população local. “Para quem convive com o rio, é claro que a influência do homem já está comprometendo a qualidade do Uruguai”, ressaltou Bicca.

Conduzida por Sérgio Silva, a palestra “Água para todos os catarinenses” mostrou nos últimos anos o racionamento de água vem crescendo, uma vez que Santa Catarina é conhecido como o estado das enchentes. De acordo com Silva, o consumo vem aumentando cada vez mais e falta preservação dos mananciais. “Apesar dos investimentos é preciso agir, por isso temos 15 ações para pôr em prática, sendo que o governo pretende aplicar um plano em dois níveis, em curto e em longo prazos”, destacou.

Sérgio Silva revelou que entre as ações buscam o caminho da preservação. “Precisamos detectar os problemas, fortalecer os projetos, consolidar os parques ambientais do Estado, reciclar a água, monitorar os rios e barragens em termos de qualidade e volume, rever a legislação estadual que trata as questões hídricas, entre outros fatores”, anunciou.

Diante deste cenário preocupante com relação à preservação da água, Herneus de Nadal reconhece que o assunto é de extrema importância e precisa de atenção. “A AL vai participar de forma atuante de acordo com suas competições, estando de portas abertas em conjunto com essas ações”, afirmou.

Carta de Chapecó
Ainda este mês será realizado um evento na Assembléia Legislativa de Santa Catarina para que os governadores Eduardo Pinho Moreira (PMDB/SC) e Germano Rigotto (PMDB/RS) assinem o contrato com o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), que viabilizará 1,2 milhão de dólares para serem aplicados nesses projetos.

Também será encaminhada ao Presidente da República a “Carta de Chapecó”, que explica a situação atual do Rio Uruguai e do Aqüífero Guarani e conta com a assinatura das entidades ligadas à causa e às autoridades presentes ao seminário. O documento ainda será entregue aos governadores dos dois estados envolvidos.
(Tatiani Magalhães, Alesc, 10/11/2006)
http://www.alesc.sc.gov.br/noticias/apresentanoticia.php