Uma das últimas áreas remanescentes da floresta amazônica maranhense, a Reserva Biológica (REBIO) do Gurupi, no estado do Maranhão, está ameaçada e em grave situação de deterioração.
Criada em 1988 com uma área de 341.650 hectares, a REBIO do Gurupi é considerada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis) como a área de conservação em pior situação no país. Hoje cerca de 70% da área já sofreram alterações devido à extração ilegal de madeira, que se somam aos grandes plantios de arroz e milho, afetando mais de 90 mil hectares da reserva.
Além disso, pelo menos 20 mil hectares da reserva estão sobre a posse de grileiros. Muitos deles utilizam mão de obra escrava em seus trabalhos, mantendo a região tensa e impedindo o trabalho da equipe de fiscalização, que foi obrigada a se retirar da área devido às constantes ameaças.
Segundo o pesquisador Tadeu Gomes de Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão, se este cenário não for interrompido imediatamente, a biodiversidade total da área estará seriamente ameaçada.
A REBIO do Gurupi é de fundamental importância na conservação ambiental no Maranhão, pois está entre os domínios do cerrado da Amazônia e da caatinga, abrigando várias espécies de animais só encontrados ali e que estão em perigo de extinção, como a onça-pintada, o gato maracajá, a ariranha e o cachorro-do-mato.
A situação é tão crítica que os próprios madeireiros relatam que, em no máximo três anos, não haverá mais nada para ser explorado lá. Uma grande diversidade de espécies vegetais, como o ipê, o estopeiro, a maçaranduba, estão sendo extraídas e conduzidas para as cerrarias das cidades nas regiões centro-oeste do Maranhão e sul do Pará. As madeiras não utilizadas pala indústria madeireira vão para os fornos de carvão que abastecem as siderúrgicas nestas regiões.
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MST, 10/11/2006)