Ambientalistas criticam lentidão de debate sobre clima
2006-11-13
A conferência de duas semanas das Nações Unidas sobre a mudança climática, realizada no Quênia, chega à metade sob queixas de ambientalistas, que reclamam que as negociações avançam muito devagar para garantir a imposição de controles sobre a emissão de gases causadores do efeito estufa após o final do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Um dos líderes das conversações, no entanto, afirma que devagar pode ser melhor, casos os Estados Unidos optem por aceitar limites obrigatórios nas emissões de poluentes do país. A vitória democrata na eleição de terça-feira (7/11), nos EUA, encorajou os que esperam uma mudança nas atitudes americanas.
"O novo Congresso desafiará a política da administração Bush quanto ao aquecimento global em diversas frentes", declara um boletim extra-oficial da conferência, que circulou entre os 5.000 participantes do evento.
A reunião dos 180 signatários do tratado das Nações Unidas sobre o clima, firmado em 1992, trata de questões delicadas, como a implementação do Protocolo de Kyoto, que se seguiu ao tratado, e que obriga 35 nações industrializadas a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 5%, em relação ao volume de 1990, até 2012.
Os EUA e a Austrália são as únicas grandes economias industrializadas a rejeitar o protocolo, firmado em 1997. O presidente dos EUA, George W. Bush, afirma que o acordo é danoso para a economia americana, e que o protocolo deveria ter feito exigências às economias mais pobres, também.
Ao longo da última semana, os 165 signatários do protocolo vêm discutindo como elaborar um regime de controle das emissões de gases para o período após 2012, envolvendo cotas e cronogramas, mas não há informação de grandes avanços.
Ambientalistas advertem que o tempo está acabando.
"Pedimos que haja um acordo até 2008", disse o líder do grupo internacional Climate Action Network na África do Sul, Richard Worthington. Esse prazo permitiria que os governos ratificassem o novo pacto bem antes do fim de Kyoto, em 2012. Mas "o ritmo do progresso tem de aumentar, senão não haverá como cumprir esse cronograma", acrescenta o cientista Bill Hare, do Greenpeace.
O coordenador das conversas para depois de 2012, Michael Zammit Cutajar, disse que os negociadores estão divididos quanto ao prazo para se fechar um acordo. Alguns querem avançar rápido, enquanto outros preferem dar tempo para que os Estados Unidos adotem um controle de emissões, o que poderá ser possível, agora que o Partido Democrata domina o Congresso. Os EUA produzem mais de 20% do dióxido de carbono gerado por atividade humana.
(AP, 13/11/2006)
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