Brasil pode sair do tratadado de não-proliferação de armas nucleares
2006-11-10
O secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, disse ontem (9/11) que "é possível" que o Brasil venha a sair do tratado de não-proliferação de armas nucleares. "Não é impossível, tanto que a Coréia do Norte deixou o tratado", reiterou ele no VI Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, no Rio. A declaração foi dada em resposta à pergunta de um militar do Exército que estava na platéia e questionou se o Brasil sairia do tratado, "já que Índia, China e outros vêm fazendo maciços investimentos em armas nucleares". As duas nações não participam do acordo. O embaixador acredita que pode haver modificação no tratado para abrigar a Índia, que já é "uma potência nuclear".
No formato atual, o acordo de não-proliferação não prevê o ingresso de países que desenvolveram armas nucleares e que não estavam listados no texto original do documento. Países como os Estados Unidos e outras potências nucleares tradicionais já dispunham de armas nucleares quando o tratado foi assinado. O embaixador acredita que o processo de desarmamento previsto no tratado não está funcionando. Citou como exemplo aviões norte-americanos que voam no Iraque sem piloto, controlados por equipamentos que ficam no Texas. Pinheiro Guimarães lembrou que a Constituição brasileira prevê uso de energia nuclear só para fins pacíficos. Registrou ainda que o Brasil tem tecnologia avançada em enriquecimento de urânio e é "o quinto ou sexto país com maiores reservas" do mineral.
(Correio do Povo, 10/11/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp