Brasil reduz peso de pobres na balança climática
2006-11-10
O coordenador brasileiro de Mudanças Globais de Clima, José Domingos Miguez, do Ministério de Ciência e Tecnologia, apresentou anteontem em Nairóbi (Quênia), durante a principal conferência internacional sobre clima, uma proposta de cálculo que reduz a responsabilidade dos países em desenvolvimento nas mudanças climáticas causadas pela ação humana.
Segundo ele, as emissões de gases do efeito estufa, “como a causa do problema, não correspondem à responsabilidade de provocar as mudanças climáticas”. A responsabilidade, defende, deve ser associada ao efeito das emissões no aquecimento global.
Esta mudança sutil reflete-se em números. De acordo com seu cálculo, a carga somada dos países em desenvolvimento no aumento da temperatura média do planeta é de 12% , frente a 88% das nações ricas.
Quando são consideradas as emissões - base do Protocolo de Kyoto -, a responsabilidade dos países em desenvolvimento sobe para 25%.
O cálculo foi apresentado em uma reunião sobre compromissos futuros de quem participa do protocolo, que visa a reduzir as emissões mundiais de gases do efeito estufa. A apresentação do secretário está disponível no site da Convenção-Quadro da ONU para Mudanças Climáticas (http://unfccc.int).
Hoje, só os países ricos têm metas claras para diminuir as emissões. Eles pressionam para que as nações pobres assumam também cortes claros das taxas de emissão a partir de 2013, quando começa o segundo período do protocolo.
A posição do Brasil é não assumir tais metas. A convenção determina que seus participantes têm responsabilidade comum pelas mudanças climáticas, mas diferenciada pelo histórico de desenvolvimento de cada país.
(Por Cristina Amorim, O Estado de S. Paulo, 09/11/2006)
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