A população que mora às margens do Rio Madeira, tanto rural quanto urbana, realizará, amanhã (11/11), um festival de arte e cultura para mostrar os danos irreparáveis à cultura e à economia regional que podem advir com a construção da usina hidrelétricas no Rio Madeira. O evento acontecerá em Porto Velho, Estado de Rondônia, das 8h à meia-noite, na Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
O festival tem como principal finalidade mostrar a produção econômica e cultural da população ribeirinha, além de expor visões e usos do rio Madeira, ameaçado em seu equilíbrio devido à "modernização" desregrada da Amazônia ocidental, processo este que tem agora como carro-chefe, o complexo hidroviário e hidrelétrico do Madeira.
A "modernização" acelerada que acompanhará os megaprojetos na região pode impor a deterioração irreversível das tradições culturais locais. Daí a importância de um processo continuado de valorização da cultura e do modo de vida ribeirinhos, da auto-estima dessa cultura cabocla e singular.
Procurando estimular uma cultura de compromisso coletivo com o território e fortalecer a identidade socioambiental, o festival oferecerá espaços para a interação cultural, artística e organizativa das populações urbanas com as populações rurais tradicionais como oficinas, demonstrações, vídeos, shows e exposições.
A produção ribeirinha terá destaque durante a exposição dos produtos agrícolas, extrativistas e artesanais, dando uma singela amostra a imensa biodiversidade da região, bem como da fertilidade natural das margens do Madeira. Grupos urbanos apresentarão um amplo repertório musical inspirado no nexo cidade-natureza-culturas tradicionais, com apresentações intercaladas por vídeo-documentários sobre os impactos dos megaprojetos hídricos. Organizações sociais apresentarão seus projetos, experiências de luta e propostas para um novo padrão de desenvolvimento regional, com integração social e ambiental.
A programação está composta por uma mostra de produtos da agricultura familiar, extrativistas, artesanais e indígenas; vídeos ambientais e informativos; oficina de homeopatia e fitoterapia na produção agroecológica; oficina de sementes; "farinhada ao vivo"; história de resistência e luta do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); oficinas de arirambas; papel reciclado.
Também serão realizados debates sobre as energias renováveis, pelo Instituto Madeira Vivo; instituições financeiras e os grandes projetos: privatizações e transnacionalização do território, pela Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilateiras; apresentação de teatro de bonecos; e projeções de documentários.
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Adital, 08/11/2006)