(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-11-10
Cerca de 90% da população têm acesso à água potável no Brasil, proporção semelhante à de países com alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), como Coréia do Sul (92%) e Cuba (91%). Na coleta de esgoto, no entanto, o Brasil possui uma taxa de atendimento de 75%, inferior à do Paraguai (80%) e à do México (79%). Apesar da distância entre os indicadores brasileiros, ambos evoluíram entre 1990 e 2004, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2006.

O estudo, que esquadrinha a situação dos serviços de água e saneamento em 177 países e analisa o impacto do setor em outros indicadores sociais, aponta projetos brasileiros como exemplos de boas práticas. Entre os destaques estão o sistema de abastecimento de água de Porto Alegre, a estrutura de coleta de esgoto condominial de Brasília e a elaboração do plano de recursos hídricos no Estado do Ceará. A cooperação entre Brasil e Paraguai na usina de Itaipu é também elogiada pelo relatório.

O RDH 2006 aponta que a proporção de brasileiros com acesso a água potável aumentou 8% entre 1990 e 2004, de 83% para 90%. O avanço deixou o país perto da meta de elevar o indicador para 91,5% , estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – uma série de metas socioeconômicas que os países-membros da ONU se comprometeram a atingir até 2015. Já os progressos em saneamento foram mais lentos. O percentual da população que conta com saneamento adequado subiu 6% entre 1990 e 2004, de 71% para 75%. Para atingir a meta de 85,5% almejada, o Brasil precisará intensificar o ritmo atual de expansão dos serviços e ampliar a cobertura em 14% até 2015.

Apesar de estar perto de cumprir a meta de acesso à água, o indicador atual deixa o Brasil em 74º no ranking mundial de cobertura — lista composta por 159 países e territórios e que não inclui 14 nações com alto IDH, como Bélgica e Itália. No ranking de saneamento, a taxa brasileira de atendimento é a 67ª maior entre as registradas por 149 países, grupo que deixa de fora 24 nações de IDH elevado, entre eles Noruega e França.

Parte significativa do déficit brasileiro em saneamento se refere à falta de atendimento à população de baixa renda, segundo o RDH 2006. O estudo diz que é possível perceber uma relação entre nível de pobreza e acesso a água e saneamento e usa a desigualdade no atendimento com coleta de esgoto no Brasil para ilustrar a afirmação. “À medida que a renda aumenta, a cobertura média melhora. Mesmo uma renda nacional média relativamente alta não é garantia de uma alta taxa de cobertura entre os pobres. No Brasil, os 20% mais ricos da população desfrutam de níveis de acesso a água e saneamento geralmente comparáveis ao de países ricos. Enquanto isso, os 20% mais pobres têm uma cobertura tanto de água como de esgoto inferior à do Vietnã”, destaca.

O Brasil é destacado no texto do RDH 2006 como um dos países que têm mais água do que podem consumir, mas que nem por isso conseguiu superar o desabastecimento nas regiões secas e entre a população de baixa renda. “As estatísticas nacionais do Brasil colocam o país no topo do ranking de países com maiores reservas de água do mundo. No entanto, milhões de pessoas que vivem no ‘polígono da seca’ — uma região semi-árida de 940 mil quilômetros quadrados que abrange nove Estados no Nordeste — enfrentam um problema crônico de falta de água”, afirma.

Boas práticas brasileiras
O RDH 2006 elogia as políticas públicas do setor de água e saneamento implantadas em Porto Alegre, Brasília e Ceará. O projeto brasiliense é apresentado como uma alternativa para países que não têm recursos para a implantação de redes de esgoto em comunidades pobres. A gestão de recursos hídricos no Ceará é exposta como uma possível solução para a disputa por água. Já a estrutura administrativa da empresa de água e saneamento da capital gaúcha é apontada no relatório como “prova” de que uma prestadora de serviço pública pode ser eficiente e “ultrapassar os padrões de funcionamento das empresas privadas”.

O serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto de Porto Alegre — classificado pelo relatório como “excelente” — é apontado como exemplo de que é possível reestruturar o setor sem privatizar os serviços. “A reforma do setor de prestação de serviços produziu ganhos em termos de eficiência e transparência. O departamento municipal de água fornece às famílias acesso universal a água potável a um bom preço — melhorou de forma drástica as receitas e reduziu as perdas de água. A transparência e a autonomia política e financeira contribuíram de forma crítica para o sucesso”, frisa. “Como prova o exemplo de Porto Alegre, a reforma do setor de prestação de serviços pode reforçar o desempenho sem alterar os detentores das empresas que prestam os serviços”, completa.

A alternativa encontrada por Brasília para levar saneamento à população pobre que vive na periferia da capital é recomendada pelo RDH a países que não dispõem de recursos suficientes. “A companhia de Água e Esgotos e Brasília demonstra como tecnologias inovadoras podem ser ampliadas a partir de pequenos projetos para cobrir cidades inteiras”, afirma o texto. Para expandir a cobertura da rede coletora de esgotos à população pobre, sem condições de arcar com os custos da ampliação do sistema convencional, o Distrito Federal recorreu ao sistema condominial, que, ao invés de atender os domicílios individualmente, presta o serviço a quarteirões ou grupos de residências. “Estes sistemas têm em consideração a topografia local e as condições de escoamento, reduzindo dramaticamente o comprimento das tubulações”, explica o relatório.

O diferencial do Distrito Federal na implantação do sistema condominial foi a participação da comunidade, afirma o estudo. “O desenvolvimento do sistema de condomínio no Brasil teve um caráter tanto político como tecnológico. A participação comunitária nas tomadas de decisão é fortemente percebida como um direito e um dever do cidadão, e o condomínio gera uma unidade social que facilita as decisões coletivas. Os membros do condomínio têm de concordar com a localização da rede de ramais e se organizar para realizar as atividades complementares, o que inclui construção e manutenção. Hoje, esse sistema é a parte central de um sistema de esgotos que serve 2 milhões de pessoas só em Brasília”, destaca.

O Ceará é apresentado pelo relatório com um dos Estados brasileiros “mais bem sucedidos” na gestão dos recursos hídricos. O texto faz elogios à saída que os cearenses encontraram para solucionar uma disputa entre industriais e agricultores pelo fornecimento a água. Na tentativa de resolver o impasse, a empresa que faz a gestão de uma das bacias hidrográficas do Estado convocou para uma assembléia-geral os maiores consumidores do Estado, entre eles representantes da industria, agricultores e sindicatos e cooperativas de trabalhadores rurais, para elaborar um plano de gestão do consumo da água. “Conseguiram-se bons resultados graças ao elevado número de participantes”, salienta o texto. “A experiência acabou sendo disseminada”, completa.

A relação entre os governos brasileiro e paraguaio na usina de Itaipu é apresentada pelo RDH 2006 como modelo de cooperação bem sucedida na utilização dos recursos hídricos. “Brasil e Paraguai constituem um exemplo dos benefícios potenciais obtidos através do intercâmbio e da cooperação. O acordo de Itaipu, datado de 1973, pôs fim a uma disputa fronteiriça que já durava 100 anos, possibilitando a construção conjunta do gigantesco complexo hidrelétrico de Guairá Itaipu”, afirma. “Ambos países ganham com a cooperação, em contraste com o que ocorre na Ásia Central, onde o fracasso da cooperação deu origem a enormes prejuízos”, completa.
(Agência PNUD Brasil, 09/11/2006)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -