Rio Madeira: "O governo vai ter que enfrentar a questão básica: o projeto é viável ou não?"
2006-11-09
A suspensão das audiências públicas do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, previstas para serem realizadas entre ontem (8/11) e o dia 11 em Abuanã (RO), abre espaço para questionamentos sobre o quanto o processo está aberto à participação popular e sugere mais lacunas na viabilidade da obra. O ativista ambiental Glenn Switkes, da ONG International Rivers Network, acredita que esse novo impasse aproxima um momento decisivo em que o governo terá que responder se a obra é viável. "Assim a construção terá início, mesmo a contragosto de setores da sociedade, ou cairá em descrédito e não sairá do papel."
"O governo federal está fazendo um esforço maciço para a retomada de obras de infra-estrutura, como mostra o pedido do presidente Lula para que os entraves ambientais sejam resolvidos o mais rápido possível", diz Switkes. Para o ativista, as audiências realmente foram organizadas às pressas - desrespeitando uma regulamentação do Conama de serem marcadas no mínimo 45 dias após a provação do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) e outra do Ibama, que diz que os estudos devem estar disponibilizados para a população 45 dias antes das audiências. Além disso, considera que seriam deixadas de fora das audiências regiões que sofrerão os impactos, como Humaitá, no Amazonas.
Switkes diz que o governo federal assumiu o papel do Ministério de Minas e Energia, e que se o projeto for aprovado como está agora será um desastre ambiental. "Além das perdas de biodiversidade, irá aumentar o desmatamento na Amazônia Continental, a área a ser inundada não está definida com precisão e a própria viabilidade econômica do projeto em longo prazo é duvidosa."
(Por Renata Moraes, Amazonia.org.br, 08/11/2006)
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=226061