Incrementar as operações de crédito para o setor de saneamento é uma das prioridades do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo informou o economista Hugo de Oliveira, do setor de Saneamento e Água da instituição, durante o Seminário Internacional de Saneamento e Desenvolvimento promovido pela Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp).
"É preciso reativar esse mercado", disse o economista. O diretor econômico e financeiro da Sabesp, Rui de Britto Álvares Affonso, reclamou que o setor sofre com a demora na concessão de créditos pelos bancos de fomento. "Negociar dois anos um empréstimos é loucura com a pressão de demanda que temos", diz.
O economista do BID citou a utilização da Linha de Crédito Condicional para Projetos de Investimento (CCLIP) como uma possibilidade já existente, que reduz o tempo de liberação dos empréstimos. Para obter uma CCLIP, a empresa precisa comprovar bons resultados em projetos já financiados pelo BID. Outra opção seria o empréstimo em função de resultados, que é concedido conforme as metas dos projetos são atingidas.
Segundo o diretor da Sabesp, as empresas ficam divididas na hora de buscar financiamento. "Há uma tensão entre o mais adequado, que são os empréstimos dos bancos de fomento, de longo prazo e mais baratos, mas de demorada aprovação, e os recursos disponíveis no mercado financeiro, que são mais caros e de curto prazo."
Affonso considera importante a inciativa do BID de estudar a abertura de novas linhas de financiamento, que agilizem o processo de concessão. "Há um mês estivemos nos EUA para conversar com representantes do BID sobre isso, mas essas linhas são recentes, por enquanto nenhuma nova modalidade de crédito foi liberada."
Entre as novas modalidades, segundo o diretor, estão empréstimos em moedas locais atreladas ao dólar, com juros ainda a serem definidos, e a liberação do crédito sem a necessidade de garantia da União e dos Estados para empresas sólidas. Nesse caso, o governo federal também precisaria aceitar a mudança de procedimento.
(Por Samantha Maia,
Valor Econômico, 09/11/2006)