A novela de dois anos sobre a presença de 26 famílias de índios caingangues no Morro do
Osso, em Porto Alegre, teve ontem um novo capítulo no Ministério Público Estadual (MP).
Em um encontro de quase uma hora, o procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira
ouviu reclamações de uma comissão de moradores da região insatisfeita com a situação.
Ele prometeu que o MP fará reuniões internas para decidir a conduta diante do caso. Os
caingangues reivindicam a posse da área, com o argumento de que ela teria servido como
cemitério indígena.
No encontro, a portas fechadas, o grupo se mostrou preocupado com a situação das crianças
na área. Segundo a presidente do Centro Comunitário de Desenvolvimento dos bairros
Tristeza, Pedra Redonda, Vila Conceição e Vila Assunção, Maria Angela Pellin, meninos e
meninas não recebem os cuidados adequados.
A insatisfação não se resume ao tratamento às crianças. Os moradores também reclamam da
degradação ambiental da área, considerada um tesouro ecológico pelos ambientalistas por
manter remanescentes da Mata Atlântica. Maria Angela diz que as crianças não freqüentam a
escola e não têm agasalhos para o inverno. A líder assegura que não pediu a retirada dos
índios do morro, como defende uma parcela dos moradores.
Cacique disse que as crianças recebem tratamento adequado
O cacique Jaime Alves, que lidera a comunidade indígena, não se preocupa com a mobilização
da comunidade, porque não a percebe como uma ameaça à permanência no local. Considerou
fracos os argumentos contra a ocupação da área e classificou a reação como preconceito.
Alves defende que as crianças recebem um tratamento adequado e que a comunidade não degrada
o ambiente.
(
Zero Hora, 09/11/2006)