O fogo foi aceso para cultivar uma pequena área com feijão. Mas se alastra pela mata,
atingindo árvores centenárias. Araucárias são queimadas até a copa. O índio guarani Darico
da Silva, 32 anos, não vê maldade no ato.
Ele nem percebe que o fogo afasta os animais que caça. Para Darico, o que está em jogo é o
sustento da família, instalada em uma choupana na Reserva Indígena de Passo Feio, em
Nonoai. É dessa forma que a floresta de 17,4 mil hectares vai desaparecendo. Uma
investigação feita pelo pelotão ambiental da Brigada Militar mostra desmatamento e
queimadas crescentes.
- São clareiras de até 3 hectares. Um verdadeiro crime - conta o comandante Alencar
Fontana.
No trajeto pelo pela rodovia que corta a Reserva Indígena de Nonoai, a fumaça negra
denuncia a destruição. Centenas de troncos serrados e queimados pontuam as lavouras. Este
ano, 50 ocorrências foram registradas nas reservas de Nonoai, Planalto e Benjamin Constant
do Sul, onde moram cerca de 7,5 mil caingangues e guaranis. A responsabilização é difícil.
São áreas federais onde a BM não pode atuar.
Um relatório contendo todos os casos atendidos deve ser enviado para os órgãos federais.
A BM tenta agendar uma reunião com o Ministério Público e com o Instituto Brasileiro de
Recursos Renováveis e Meio Ambiente (Ibama). A idéia é unir esforços para a prevenção.
(Por Marielise Ferreira,
Zero Hora, 09/11/2006)